Linha da Eletrobras desligou 'milissegundos' antes de apagão
Do UOL, em São Paulo
17/08/2023 00h36Atualizada em 17/08/2023 08h01
A Eletrobras informou, na noite de ontem (16), que identificou o desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá-Fortaleza por atuação indevida do sistema de proteção milissegundos antes do apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal.
O que aconteceu:
A Eletrobras avaliou que o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido.
Segundo a empresa, as redes de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) são planejadas para que em caso de desligamento de qualquer componente, o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia.
Em nota, a Eletrobras avaliou "que a manutenção dessa linha de transmissão está em conformidade com as normas técnicas associadas".
A empresa assegura que continua colaborando para a identificação das causas do apagão e dos motivos que levaram aos desligamentos ocorridos no SIN, sob a coordenação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Na terça-feira, uma queda de energia atingiu todas as regiões do país. O Norte e o Nordeste foram os mais prejudicados e a normalização do sistema elétrico demorou mais nos estados dessas regiões do que nas outras partes do país.
ONS não acha causa do apagão
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que o ONS não apontou qual foi a falha que causou o apagão. Silveira esteve reunido ao longo do dia com representantes do ONS. Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que houve "erro técnico".
O ministro classificou a investigação da Polícia Federal como "extremamente necessária" após o ONS (Operador Nacional do Sistema) não encontrar as falhas técnicas que ocasionaram o apagão.
Ele também disse que pediu todo "rigor" e celeridade da PF na investigação. "Eu gostaria de compreender diferente, mas, mais do que nunca, eu acho que é extremamente necessária a participação muito ativa da Polícia Federal nesse caso, já que a ONS não teve como apontar uma falha técnica que pudesse causar um evento com a dimensão que teve a paralisação da energia no país", pontuou.
Silveira informou que foi detectado um problema no sistema da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobras, em Quixadá, no Ceará. Mas ponderou que o evento sozinho não seria capaz de derrubar o sistema. "Esse evento isoladamente não causaria interrupção tão grave", disse o ministro à imprensa na porta do ministério.
A partir desse evento, considerado de pequena magnitude, segundo o governo, ocorreram outras falhas no sistema que ainda serão apuradas. "A Chesf admitiu o erro que não protegeu o sistema adequadamente nessa linha de transmissão [de Quixadá]", completou.
O ministro explicou que a Eletrobras apresentou um documento garantindo que o erro já foi corrigido no Ceará e disse que é provável que um outro apagão não volte a acontecer. "Vamos continuar atentos como sempre, mobilizados como sempre, porque é um setor extremamente sensível".
Entenda o apagão
Os relatos de falta de energia iniciaram por volta das 8h30. A pasta informou que às 14h49 que o sistema nacional de energia foi restabelecido, após o apagão do início do dia.
Dados em tempo real do ONS mostraram uma queda abrupta na carga e geração de energia entre 8h30 e 8h44, com tendência de estabilidade a partir de 9h. Em nota, o órgão confirmou que houve pelo menos a perda de 18.900 MW de energia. A interrupção no Sul e no Sudeste foi uma ação controlada para evitar propagação da ocorrência.
O ONS, operador do SIN informou que houve uma "ocorrência no sistema" às 8h31, causando uma "separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste". O SIN é responsável pela transmissão elétrica entre as regiões do território nacional. Roraima foi o único estado não afetado por não fazer parte do SIN.
De acordo com órgão, assim que aconteceu a falha elétrica uma "ação controlada" foi realizada propositalmente para que o problema não se espalhasse no Sul e Sudeste com a mesma intensidade que afetou o Norte e o Nordeste do país.
A normalização das cargas da região Sul foi concluída às 9h05 e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, às 9h33. O SIN foi 100% recomposto às 14h49min.
Com informações da Agência Brasil.