Apagão ter relação com Eletrobras privatizada é pouco provável, diz ex-ONS

O engenheiro elétrico Ary D'ajuz, que atuou no ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), afirmou em entrevista ao UOL News que é pouco provável que a privatização da Eletrobras tenha alguma relação com o apagão que atingiu todas as regiões do Brasil nesta terça-feira.

A princípio não [tem relação o com apagão]. O que a gente tem que entender um pouco do sistema é que as empresas são proprietárias daquelas instalações, mas seguem os rituais que o ONS manda executar.

"Elas obedecem, tudo isso esta catalogado, o que chamamos de procedimento de rede. Tudo isso está descrito. Então, as empresas simplesmente disponibilizam suas instalações para o setor elétrico e, diga-se de passagem, o próprio ONS é uma empresa privada. Logicamente, o governo designa dois diretores, o resto é do mercado", completou.

Apagão é um marco para o relacionamento do governo Lula com o setor elétrico, diz Tales

O colunista do UOL Tales Faria afirmou que o apagão de hoje é um marco para o relacionamento do governo federal com o setor elétrico. Segundo o colunista, isso é o que está sendo dito tanto por governistas quanto pela oposição.

Esse apagão é um marco para uma nova estrutura de relacionamento em torno da questão elétrica no país. É o que está sendo falado aqui tanto por governistas quanto para oposição. A grande discussão entre governistas e oposição é porque os governistas culpam a privatização pelo governo passado, e a oposição defende aquela coisa de que a privatização é extremamente necessária, aquele catálogo liberal.

Tales também afirmou que os governistas têm razão em reclamar de uma privatização tão importante em ano eleitoral, e lembrou que tanto o atual presidente como o Ministro de Minas e Energia são contra a venda da Eletrobras.

Uma privatização em ano eleitoral não é uma decisão séria, que tenha sido discutida com toda sociedade. O presidente que foi eleito é um presidente contrário à privatização. O ano eleitoral foi inapropriado, isso é fato.

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"Aí está essa discussão de 'vocês deram golpe na questão elétrica do país e esse golpe tem esse tipo de repercussão'. Eu não sei se tecnicamente é fato que a privatização é culpada pelo apagão, mas é fato que a privatização em ano eleitoral realmente é um golpe", opinou.

Tales: Arcabouço sem data limite de votação é jogo de 'estica e puxa' do centrão com Lula

O colunista Tales Faria também comentou a respeito de o arcabouço fiscal ter ficado sem data limite para votação após uma jogada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e membros do centrão.

O Lula provavelmente deve se encontrar com o presidente da Câmara para tentar amaciar o Arthur Lira porque precisa do presidente da Câmara para aprovar o arcabouço. O Arthur Lira, em contrapartida, junto com líderes do centro, fez o seguinte: 'olha, não tem mais prazo para votar o arcabouço'.

Tales afirmou que o centrão deve continuar o jogo de estica e puxa com o governo para conseguir mais cargos.

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O fato é que separaram e não precisam mais votar o arcabouço até o dia 31 de outubro, e vão poder fazer esse jogo de estica e puxa com o governo até o governo ceder na questão da reforma ministerial, que é o que de fato o centro quer, mais cargos.

"O Lula está tentando segurar o máximo para só entregar tudo depois que receber a votação dos projetos. Acho que essa semana, depois de conversar com Lira, o Lula solte um pouquinho mais", completou.

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