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Médico morto em quiosque trocou plantão para participar de congresso no Rio

Perseu Ribeiro Almeida fez o último plantão na terça-feira (3), no dia do aniversário Imagem: Imagem cedida ao UOL

Do UOL, em São Paulo

05/10/2023 18h37Atualizada em 05/10/2023 19h32

O médico ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, 33, um dos assassinados a tiros na madrugada desta quinta-feira (5) na Barra da Tijuca, trocou o plantão com um colega de trabalho para participar de um congresso de sua área de atuação no Rio de Janeiro.

O que aconteceu

Perseu Almeida era especialista em cirurgia de pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Segundo funcionários do Hospital Geral Prado Valadares, ele havia trocado o plantão com um colega para participar do evento no Rio.

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O ortopedista costumava fazer plantões no Hospital Geral Prado Valadares às terças-feiras. O último ocorreu no dia 3 deste mês. "Ele trabalhou no dia do aniversário", diz uma funcionária da direção do hospital.

O médico conhecido pela qualidade técnica em sua área de atuação. "Os pacientes gostavam muito do atendimento dele", diz a funcionária. O próximo plantão de Almeida ocorreria na terça-feira (10).

O Hospital Geral Prado Valadares publicou nas redes sociais que está em luto pela morte do médico. A instituição colocou uma faixa na entrada do local com os dizeres: "Família HGPV em luto".

Colegas de Perseu que trabalhavam com o ortopedista disseram estar abalados com a morte do médico. "Perda de um ser humano e de um especialista muito preparado na cidade." Segundo a direção, ele trabalhava há pelo menos dois anos no hospital.

Ele era um exímio ser humano. Como profissional fez um excelente trabalho. Há15 dias, o convite para dedicar mais tempo à unidade. Era um colega muito bem falado, estávamos muito satisfeitos. Ele tratava muito bem os pacientes, tratava todas as equipes com a mesmo igualdade e respeito. Foi um choque para todo mundo. Nossa unidade decretou lutou.
Perseu Bernardino, diretor médico do Hospital Geral Prado Valadares

Médico vivia em cidade mais violenta do país

Almeida dava plantão em um hospital em Jequié (BA), a cerca de 300 km de Salvador. A cidade, de 158 mil habitantes, foi a mais violenta do país no ano passado, segundo a edição mais recente do Anuário Brasileiro da Segurança Pública.

A publicação apontou que Jequié teve 88,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes em 2022. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que organiza as informações do Anuário, 6 dos 10 municípios mais violentos do Brasil no ano passado estão na Bahia.

O médico trocou o plantão para participar do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e do Tornozelo. Perseu havia alugado uma casa na cidade em outubro do ano passado no bairro de Jequiezinho.

"A cidade vive um clima de comoção assim como todo o país", afirma Jil Machado, corretor de imóveis que intermediou o contrato de locação que tinha previsão de com o médico ortopedista.

Quem eram os médicos

Perseu morreu no local do crime. Formado em medicina pelo Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia (2017), era ortopedista e traumatologista especializado em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Ele "dedicou os últimos 5 meses de sua vida ao Hospital Geral de Ipiaú, onde atendia com dedicação e comprometimento os cidadãos de Ipiaú e da região", afirmou em nota a prefeitura da cidade, a 360 km de Salvador.

Diego Ralf Bomfim, de 35. Ele é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), marido de Sâmia. Ortopedista e traumatologista, Diego foi socorrido para o Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu.

Especializado em traumatologia, em cirurgia do pé e tornozelo, ele se formou em medicina na Universidade do Oeste Paulista. A última especialização —alongamento e reconstrução óssea— foi realizada no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Marcos de Andrade Corsato, 62 anos. Diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Corsato morreu ainda no local. Ele faria aniversário na semana que vem.

Ele também atendia em consultórios particulares. Um deles, na Mooca, zona leste de São Paulo, leva o seu nome. Ele também atendida na Clínicas Rebouças, em Pinheiros. O médico também trabalhou por nove anos no Hospital Sírio-Libanês. Em nota, a instituição lamentou o crime. "Sua partida repentina deixa um vazio imensurável em nossa instituição e na comunidade médica como um todo", escreveu.

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