Justiça decreta prisão de policiais por escolta de drogas para o CV no Rio
A Justiça decretou na tarde desta quinta-feira (19) a prisão preventiva de quatro policiais civis e de um advogado acusados de corrupção e tráfico de drogas para o Comando Vermelho, principal facção criminosa com atuação nas favelas do Rio de Janeiro.
O que aconteceu
Os policiais civis e o advogado são suspeitos de envolvimento no transporte de um caminhão com 16 toneladas de maconha para Manguinhos, favela dominada pelo Comando Vermelho no Rio. Eles foram presos hoje de manhã em uma operação em conjunto entre PF, Polícia Civil e Ministério Público, que cumpriu os mandados de prisão.
"A ordem pública reclama a prisão dos réus para a manutenção da paz social e evitar reiterações criminosas", diz um dos trechos da prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Resende (RJ).
Relacionadas
Quando a sociedade busca na polícia o recurso para proteção de seus bens e vida e se depara com servidores corruptos, conclui-se que a sociedade está em perigo, uma vez que a ordem pública foi violada por quem deveria protegê-la.
Trecho da decretação da prisão preventiva
Em outro trecho, a Justiça cita a atuação do advogado no crime. "Quando um advogado, deixando de lado sua relação profissional com o cliente e passa a participar diretamente da atividade criminosa, o que temos não é mais um operador do direito (...), mas um agente criminoso travestido de advogado", diz a decisão judicial.
Escolta de drogas, R$ 500 mil por traficante e venda de fuzis
Segundo a investigação, duas viaturas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) abordaram um caminhão com 16 toneladas de maconha na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro em agosto. Após escoltarem o caminhão até a Cidade da Polícia Civil, na capital fluminense, os policiais civis negociaram por meio de um advogado a liberação da carga entorpecente e a soltura do motorista com pagamento de propina.
Selado o acordo, três viaturas ostensivas da DRFC escoltaram o caminhão até os acessos de Manguinhos, comunidade dominada pelo Comando Vermelho. Em seguida, a carga de maconha foi descarregada pelos criminosos, ainda de acordo com as investigações.
Os mesmos policiais civis são acusados de terem exigido R$ 500 mil para a libertação de um traficante que havia sido preso em outra ocorrência, aponta a denúncia.
Mas, como não houve pagamento integral da propina, os agentes apreenderam 31 fuzis e venderam 29 deles para uma facção rival, cita a investigação. "Para justificar a operação, os policiais somente apresentaram dois fuzis apreendidos na delegacia", diz um dos trechos da decisão judicial.
Em um balanço da operação, a PF informou que a maconha vinha do estado do Mato Grosso do Sul.
Com base nos dados coletados hoje [quinta], haverá desdobramento para descoberta e elucidação de outros delitos. Hoje foi parte de execução da operação. Se surgirem novos elementos, vamos ter outra investigação ou outra operação.
João Paulo Garrido Pimentel, delegado da PF
Quem são os presos e balanço da operação
Foram presos os policiais civis Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, Eduardo Macedo de Carvalho, Renan Macedo Villares Guimarães e Juan Felipe Alves da Silva. O UOL não localizou os representantes legais deles para que pudessem se manifestar.
Também foi preso o advogado Leonardo Silvestre da Cruz Galvão. Ele deverá receber assistência de um representante da OAB.
Além dos cinco presos, a operação apreendeu R$ 65 mil em espécie, quatro veículos de luxo, celulares e documentos.