'Recorrentes abusos': desembargador de Goiás defende fim da Polícia Militar
Durante julgamento da seção criminal do TJ-GO (Tribunal de Justiça do Estado de Goiás), o desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo defendeu o fim da Polícia Militar.
O que aconteceu
A fala aconteceu anteontem (1º) e foi transmitida ao vivo. Os desembargadores analisavam um caso envolvendo policiais durante uma abordagem.
Antes de defender o fim da corporação, o desembargador citou "recorrentes abusos" da polícia longe de bairros nobres. Camargo disse também que os agentes — no caso analisado — não tinham autorização para entrar na casa das pessoas abordadas.
Aqui vai uma reflexão pessoal: para mim tem que acabar com a Polícia Militar e instituir uma forma diferente de atuação na área da investigação e repressão ao crime"
Adriano Roberto Linhares Camargo, desembargador
O desembargador disse também que a polícia é "invisível". "Vejam nos jornais a quantidade de confrontos e ninguém leva um tiro. Morrem quatro, cinco e seis, ninguém [da PM] leva um tiro e isso não é por preparo, nós sabemos o porquê", afirmou.
Nas redes sociais, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), definiu Camargo como alguém que "se intitula desembargador" e criticou a declaração feita durante o julgamento. "[Ele] faz as maiores agressões e sem dúvida nenhuma pratica um verdadeiro crime contra a Polícia Militar do Estado de Goiás", afirma.
O governador cita o artigo 144 da Constituição Federal em que prevê a criação da PM. "Neste momento que você pede a extinção da Polícia Militar do Estado de Goiás, você está atentando contra o Estado democrático de direito ou você está cooptado por outras forças de crime contra o nosso estado", afirmou Caiado.
O TJ disse que "compreensões ou opiniões expressadas por magistrados, em suas decisões e julgamentos, representam entendimento e convencimentos pessoais". O órgão afirmou também que o Poder Judiciário goiano tem "elevado conceito" pela PM. O UOL não conseguiu contato com o desembargador.
Respeite a Polícia Militar, que está sob o meu comando, entendeu bem? Quem responde por ela sou eu. Se você tem alguma crítica, faça ao governador. Já mandei o procurador-geral de Goiás construir um documento para encaminhar ao corregedor para que as penas sejam ali muito bem aplicadas em um cidadão que não tem qualificação mínima para ser desembargador"
Ronaldo Caiado, governador de Goiás
Outros desembargadores também criticaram a atuação da polícia nas abordagens.
Comentários ousaram questionar nosso papel, diz PM
Em nota divulgada, a PM disse repudiar os comentários "inaceitáveis e desrespeitosos" que "ousaram questionar" o papel da corporação. "Estamos sempre dispostos a um diálogo construtivo e a um constante aprimoramento na implacável batalha contra a criminalidade", afirma.
A corporação diz ainda que reforça seu compromisso em "servir e proteger" a população. Segundo a nota, Goiás se destaca como um dos estados na segurança brasileira.
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