Maceió: Braskem tem responsabilidade total pelo desastre, diz ministro
Colaboração para o UOL, em São Paulo
01/12/2023 12h14
O ministro dos Transportes, Renan Filho atribuiu à Braskem a "total responsabilidade" pelo desastre em Maceió, com o iminente colapso de uma mina de sal-gema. Ele, foi entrevistado no UOL News nesta sexta (1º).
A responsabilidade da Braskem é total. No Brasil, a legislação ambiental impõe o crime a quem o pratica. Quem praticou esse desastre ambiental foi a Braskem. Ela própria diz, em reiteradas manifestações, que já investiu R$ 15 bilhões em indenizações e tentativas de estabilização. Antes da investigação, eles negaram, tentaram colocar a responsabilidade em outras empresas e disseram que não era com eles. Mas não teve como; tecnicamente ficou claro. Renan Filho, ministro dos Transportes
A Braskem mantém atividades de mineração sob a superfície de Maceió desde a década de 1970. Ao todo, são 35 minas de sal-gema na área urbana da cidade. A Defesa Civil da capital alagoana estima que o colapso pode abrir uma cratera com aproximadamente 300 metros de diâmetro.
Renan Filho, ex-governador de Alagoas e eleito senador pelo estado, compara a situação em Maceió à tragédia em Brumadinho e em Mariana, quando o rompimento de uma barragem da mineradora Vale causou 270 mortes em 2019. O ministro ressaltou que a empresa foi considerada culpada pelo desastre e há uma discussão no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre o pagamento de uma indenização de cerca de R$ 100 bilhões.
Eles já fizeram uma parte dos investimentos necessários para cessar danos e indenizar famílias. Precisam concluir. A responsabilidade da empresa é total. É assim com crimes ambientais. Da mesma forma como em Brumadinho e em Mariana as empresas foram responsáveis, a mesma coisa acontece em Alagoas. Renan Filho, ministro dos Transportes
Cratera de mina em Maceió pode criar "Chernobyl brasileiro", diz geólogo
O iminente colapso da mina pode criar uma espécie de "Chernobyl brasileiro" em Maceió, por conta da desocupação de uma parte da cidade. A análise é do geólogo e professor da USP Pedro Luiz Cortês, que classifica o caso como uma "tragédia anunciada", pois houve diversos alertas desde a década de 1970 sobre as consequências da exploração da mina naquela área.
Dificilmente essas áreas poderão ser ocupadas. Talvez em algumas delas, após um monitoramento de vários anos, possa se constatar alguma estabilidade e poderão ser reocupadas, mas não vejo um futuro muito bom para essa área no sentido de reocupação e reurbanização. Teremos ali uma espécie de 'Chernobyl brasileiro'. Ou seja: uma cidade que ficou desocupada por força de uma tragédia e pela dificuldade de se restabelecer a normalidade nessa área afetada. Pedro Luiz Cortês, geólogo e professor da USP
Tales: Lobby da Braskem atrasa instalação de CPI no Senado
A demora na instalação de uma CPI para investigar a atuação da Braskem, responsável pela exploração de sal-gema em Maceió e com uma das minhas em colapso iminente, deve-se ao lobby feito pela companhia no Senado. A avaliação é do colunista Tales Faria
O lobby da Braskem está atrasando a instalação da CPI no Senado. O requerimento foi apresentado pelo senador Renan Calheiros e aprovado em meados de outubro, mas até o momento os partidos não indicaram quem serão os integrantes da comissão. Sem essas indicações, não há CPI, exceto se o presidente Rodrigo Pacheco escolher os nomes e enfrentar os líderes, o que não é o jeito dele. Tales Faria, colunista do UOL
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