Marcinho VP mudou cúpula do Comando Vermelho no RJ mesmo preso, diz polícia
De dentro de um presídio de segurança máxima, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, deu ordem para trocar a cúpula do CV (Comando Vermelho) nas ruas do Rio, indica investigação da Polícia Civil obtida pelo UOL.
O que aconteceu
Marcinho VP, líder máximo do CV, ordenou a substituição de Abelha por Pezão, segundo fontes da Polícia Civil ouvidas pelo UOL. A mudança teria ocorrido há cerca de dois meses.
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A ordem teria sido dada de dentro do presídio de segurança máxima de Catanduvas (PR), onde Marcinho VP está preso. Suas advogadas dizem que as acusações são "levianas".
Quem teria recebido a ordem foi Marreta, outro líder da facção que cumpria pena no mesmo local. A defesa de Luis Cláudio Machado, o Marreta, afirmou que não se posiciona publicamente sobre investigações que envolvam o cliente.
Há dois meses, Marreta foi transferido para um presídio comum, Bangu 1, no Rio. O TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) determinou a transferência por entender que a polícia não havia apresentado fatos novos para embasar o pedido de manutenção dele no presídio federal, fazendo um "copia e cola" de informações antigas.
Em Bangu 1, Marreta comunicou a decisão de Marcinho VP a visitantes do presídio. O objetivo era fazer a mensagem chegar aos criminosos nas ruas do Rio.
Marcinho VP estaria descontente com as decisões de Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. Chamado de "general" em conversas pelo WhatsApp obtidas pela Polícia Civil, Abelha ordenou uma "caça" a rivais no Rio após uma aliança inédita formada com a maior milícia do Rio, que desencadeou uma onda de mais de 50 assassinatos neste ano. Procurada, a defesa de Abelha disse que não irá se posicionar porque o episódio não está relacionado a processos na Justiça.
Quem é suspeito de chefiar CV nas ruas
Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, escolhido para substituir Abelha, é procurado pela polícia há mais de uma década e já foi apontado como o criminoso mais procurado do Rio. Tem ao menos 14 mandados de prisão pendentes por crimes como homicídio, tráfico de drogas, roubo e formação de quadrilha. A defesa de Pezão não foi localizada pela reportagem.
O traficante chegou a ser preso em 2005, acusado de chefiar a venda de drogas em uma das favelas no Complexo do Alemão. Foi solto após três anos.
Em 2008, de volta às ruas, teria recebido ordens diretas de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar para matar Antônio de Souza Ferreira, o Tota. De acordo com denúncia do Ministério Público do Rio, Tota foi morto por Pezão porque não estaria mais repassando dinheiro arrecadado na favela aos líderes presos.
Após o homicídio, Pezão teria assumido o controle de todas as favelas do Complexo do Alemão.
A "caçada" da polícia a Pezão se intensificou em 2010, durante a instalação de UPPs no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. A favela, apontada como um dos redutos do CV, era dominada pelo traficante. Pezão conseguiu escapar do cerco policial e buscou refúgio no Paraguai, de onde retornou há dois anos, segundo a Polícia Civil.