Cor do helicóptero e terreno montanhoso dificultaram buscas da polícia
Do UOL, em São Paulo
13/01/2024 04h00Atualizada em 13/01/2024 15h07
Foram 12 dias de buscas até a polícia encontrar o helicóptero que desapareceu em São Paulo — três passageiros e o piloto morreram. Alguns fatores atrapalharam o trabalho dos militares.
O que aconteceu
A cor da aeronave dificultou a localização na mata fechada. Segundo o subcomandante de aviação da PM, Milton Alfredo Gherardi, o cinza-escuro do helicóptero pode se camuflar entre a vegetação verde-escura.
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Chuvas e montanhas também foram um obstáculo. "Nos primeiros dias, a meteorologia e a visibilidade eram muito prejudiciais para buscas. A geografia e um terreno montanhoso também".
Outro fator citado pela PM foi o grande volume de informações que chegavam. Mais de cem chamados, com supostas informações sobre a localização da aeronave, foram recebidos pela polícia. A maioria veio de Vargem Grande, Ubatuba e Caraguatatuba (SP).
Como a PM achou os destroços e corpos
A triangulação dos sinais dos celulares das vítimas foi essencial para a localização do helicóptero. Antes, as equipes de busca trabalhavam em uma área de 5 mil quilômetros quadrados, segundo o Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas).
Após a triangulação, houve a delimitação para um raio de 12 km. De acordo com Paulo Sérgio Pilz e Campos Mello, diretor do Dope, com os sinais dos celulares houve uma mudança na estratégia. As equipes passaram a realizar voos em velocidade e altura menores em uma área delimitada.
A região foi separada em cinco quadrantes. Os destroços estavam no segundo quadrante, relatou o comandante de aviação da PM (Polícia Militar), Ronaldo de Oliveira.
O helicóptero foi encontrado às 9h15 da manhã de ontem pela PM. Cerca de uma hora e meia após a confirmação, a polícia informou que todos os ocupantes da aeronave estavam mortos.
Graças aos últimos dois dias que delimitamos a área através das antenas, isso facilitou nossa busca e a nossa mudança de tática.
Paulo Sérgio Pilz e Campos Mello, diretor do Dope
Investigação
A Polícia Cientifica e a Força Aérea Brasileira investigam as causas do acidente. Ainda não há um prazo para a conclusão dos trabalhos, segundo a FAB.
Mais de 135 horas de voo foram realizadas durante as buscas. Elas começaram no dia 1º de janeiro e envolveram as aeronaves SC-105 Amazonas e H-60 Black Hawk, na força-tarefa da FAB.
Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e confirmação de dados, a preservação de indícios, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo de investigação. A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes.
Nota da FAB
Câmeras registraram voo e antena captou sinal de celular
Câmeras de monitoramento da rodovia dos Tamoios registraram imagens que poderiam ser do helicóptero. A gravação foi feita às 14h07 de 31 de dezembro, na altura do quilômetro 58. Em nota, a Concessionária Tamoios confirmou que forneceu vídeos de suas câmeras de monitoramento para a polícia.
Uma antena captou sinais dos aparelhos celulares de dois passageiros. A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) não informou, porém, a quem pertenciam os telefones.
Os aparelhos dos outros dois passageiros, no entanto, não tiveram sinais de atividade. Isso indicava, segundo a polícia, que estavam desligados.
Passageiras gravaram vídeos com céu nublado
Luciana Rodzewics, 46, gravou um vídeo mostrando a decolagem e início do voo, ainda em São Paulo. As imagens foram compartilhadas nas redes sociais dela.
Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, também gravou um vídeo mostrando o mau tempo. Ela enviou a imagem e mensagens ao namorado por volta das 14h do dia 31, relatando que estava "perigoso", com "muita neblina" e que, por isso, voltariam para a capital paulista.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que a aeronave estava regular para voos. Contudo, a operação para táxi aéreo estava negada.