Pânico em voo: 'Avião começou a descer muito rápido, como um mergulho'
Simone Machado
Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)
27/01/2024 04h00Atualizada em 27/01/2024 14h23
"A sensação era de que o avião estava caindo." É assim que o advogado Francisco Cunha define os momentos a bordo do voo AD-4001, da Azul, na segunda-feira (22). A aeronave, um Airbus A320, saiu de Natal com destino a Confins (MG), mas precisou voltar à capital do Rio Grande do Norte 25 minutos após a decolagem devido a "questões técnicas".
O que aconteceu
Ele relata que minutos após a decolagem o avião passou a fazer um barulho ensurdecedor. O barulho era tão forte que impossibilitava os 166 passageiros de conversar ou ouvir música nos fones de ouvido. Francisco estava na aeronave com a esposa e dois filhos.
Logo na decolagem, conforme o avião ia ganhando altura, fazia um barulho muito fora do normal e ele foi aumentando até que chegou a um ponto em que não dava para conversar, não dava para ouvir no fone de ouvido.
Estranhando a situação, uma passageira questionou a aeromoça sobre o ruído.
Ela [aeromoça] disse que o barulho era por causa de um defeito na borracha de vedação da porta de bagagens do avião, mas que isso não afetaria a segurança do voo, que podíamos ficar tranquilos e que o único inconveniente seria o barulho.
Barulho aumentou poucos minutos após a explicação da funcionária, e a aeronave começou a "mergulhar". As luzes de avisos para colocar o cinto de segurança se acenderam.
A aeronave começou a descer de forma bem brusca, acenderam algumas luzes, uma luz vermelha na frente da aeronave, aquelas luzes de apertar o cinto. O piloto deu um aviso de 'descida rápida', e a aeronave começou a descer muito rápido, acentuadamente, como um mergulho. E aí começou o pânico: muita gente gritando, rezando, chorando. Meus filhos entraram em pânico, minha esposa começou a tremer. Foi uma sensação horrível. A sensação era de que o avião estava caindo.
"Alguns minutos depois, o piloto deu mais um aviso dizendo: tripulação, estamos em altura de segurança", acrescenta Francisco. O advogado conta que após a fala do piloto, eles foram avisados que a aeronave teve algumas falhas e que o voo retornaria para o aeroporto de Natal.
Piloto declarou 'mayday'. A chamada é utilizada apenas quando a aeronave está sob perigo iminente e requer ajuda imediata.
Cunha e a família conseguiram ser remanejados em outros voos. De Natal, eles pegaram um voo para Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e, de lá, para o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). De lá, seguiram em outra aeronave para Belo Horizonte. Após 14 horas, conseguiram chegar ao destino.
O que diz a empresa
A Azul informou que "por questões técnicas identificadas após a decolagem, o voo AD4001 (Natal-Confins) precisou voltar ao aeroporto de origem". "O pouso aconteceu em segurança e os clientes desembarcaram normalmente", continuou a companhia.
Os clientes receberam toda a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e foram reacomodados em outros voos, disse a Azul.
A Azul lamenta eventuais transtornos causados e reforça que ações como essa são necessárias para garantir a segurança de suas operações, valor primordial para a companhia.
Azul, em nota