Bombeiro vira 'salva-vidas' de objetos: 'Recuperei mais de 200 celulares'
Jéssica Nascimento
Colaboração para o UOL, em Brasília
30/01/2024 04h00
Edivilson Magalhães Lorena, conhecido como Magalhães Mergulhador, é o herói dos celulares perdidos nas águas do Distrito Federal. Com 50 anos, ele é bombeiro militar desde 1993 e se tornou referência em resgatar objetos submersos.
Já recuperei mais de 200 celulares, muitos óculos, carteiras, relógios, joias, dinheiro, materiais de pesca, motores e até barcos.
Edivilson Magalhães Lorena
No caso das embarcações, Edivilson conta com o apoio de uma equipe. "Faço buscas de barco e motores, um pouco diferente da busca de objetos pequenos, geralmente passo um sonar para formar imagens do fundo e do possível barco".
O valor cobrado para cada mergulho é de 30% do preço do objeto perdido. Se um celular, por exemplo, custa R$ 6 mil, o preço do serviço chega a custar em torno de R$ 1,5 mil. Um dos últimos resgates realizados por ele foi de uma pulseira de ouro avaliada em R$ 10 mil.
De bombeiro a 'salva-vidas de celulares'
Magalhães começou sua jornada ao se formar como mergulhador de resgate profissional pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF em 1999. Sua afinidade com a água o levou a explorar lagos, rios e cachoeiras, onde, por curiosidade, começou a encontrar objetos perdidos. Seu trabalho foi se tornando conhecido por indicações, e ele virou referência na capital do país e regiões vizinhas.
A ideia de se tornar um "salva-vidas de celulares" surgiu por causa da demanda. Atuando como guarda-vidas e mergulhador de resgate no Lago Paranoá —cartão postal de Brasília—, Magalhães percebeu a demanda por recuperar objetos perdidos, principalmente celulares.
Há pouco tempo comecei a divulgar o meu trabalho nas redes sociais e isso deu uma maior visibilidade. Por consequência, aumentou a demanda, pois quando perdem um iPhone, por exemplo, ainda há esperanças de ser resgatado e estar em boas condições de uso.
Cada resgate dura em torno de 40 minutos. O trabalho de Magalhães envolve coletar informações detalhadas do cliente —como o local exato da perda, modelo do celular, e, se possível, a localização via WhatsApp. Utilizando a técnica de mergulho circular, ele realiza as buscas nas áreas indicadas.
70% dos itens perdidos são encontrados
O "salva-vidas de celulares" já realizou resgates de itens perdidos em Goiás e Minas Gerais. Segundo ele, o sucesso para um resgate bem-sucedido depende das informações que o cliente consegue repassar.
Já teve vezes que o cliente, por telefone, disse que sabia certinho o local que o celular tinha caído na água, que era uns 30 ou 50 metros da margem. Chegando no local, o pessoal apontou que o aparelho tinha desaparecido no meio do lago, o que dá uns 200 ou 300 metros. Nestas condições, a chance de recuperar é de apenas 10%. Quando sabem direito o local, diria que conseguimos encontrar de 70% a 90% das vezes.
O bombeiro lembra de um celular que não foi recuperado no momento do mergulho, mas meses depois, enquanto ele fazia outro resgate.
"Há uns 2 meses perderam um iPhone 14 Pro, aquela velha história que sabiam ao certo o local, sabe? Chegando lá, apenas me mostraram a direção da ponte e o trajeto que fizeram, não sabiam direito onde haviam perdido. Fiz um mergulho e não consegui localizar o celular. Após um mês, fiz um mergulho aleatório na direção que eles falaram, dei de cara com o celular no fundo. Ele estava dentro de uma capa resistente à água. Ligamos, o celular estava funcionando 100% e foi devolvido", relembra.
Esse trabalho é muito importante e satisfatório. O trabalho de um mergulho tem um custo alto e exige muito esforço. Quando encontramos, a felicidade é imensa.