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'Cassino e sem dinheiro': o que namorada de advogado morto disse à polícia

Advogado Rodrigo Marinho Crespo foi morto no centro do Rio Imagem: Reprodução/Redes sociais

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL no Rio de Janeiro

06/03/2024 04h00

A motivação da morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, na última segunda-feira (26), no centro do Rio de Janeiro, ainda está sendo investigada, mas, em depoimento, a namorada da vítima disse à Polícia Civil que ele passava por dificuldades financeiras e que passou a atender clientes envolvidos em 'cassinos online'.

O que aconteceu

A namorada de Rodrigo prestou depoimento à polícia, segundo ela, o namorado disse que "o escritório havia perdido clientes importantes, que estavam passando por problemas financeiros, tendo inclusive vendido seu carro, uma Mercedes-Benz". O casal viveu um relacionamento entre 2021 até final de 2022, mas reataram recentemente.

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Rodrigo chegou a compartilhar com ela que o escritório havia dispensado diversos funcionários e que poderia fechar caso não conseguissem novos clientes.

No sábado, 24 de fevereiro, dois dias antes de sua morte, Rodrigo disse à namorada que precisava sair para tratar de assuntos de negócios com uma pessoa chamada Marcelo, no Clube Naval Piraquê, na Lagoa, zona sul da cidade, e que não poderia levar o celular para a reunião por se tratar de assuntos importantes. A mulher disse à polícia que não viu ou conhece esse homem.

Ele estava começando a advogar para clientes vinculados com jogos de cassino online e disse que já havia encontrado pessoas para investir financeiramente no novo negócio.

Dias antes da execução, o advogado teria dito a ela que estaria arrecadando fundos para abrir um novo negócio e que faltava encontrar o "operador".

Segundo a namorada do advogado, o operador seria Marcelo e o advogado chegou a viajar algumas vezes para São Paulo para tratar de assuntos relacionados a cassinos online.

A mulher também afirmou à polícia que não sabe o que pode ter motivado o crime e não tinha conhecimento se ele estava sofrendo ameaças.

Como foi o crime

O advogado Rodrigo Crespo foi morto na tarde da última segunda-feira (26), em frente ao escritório onde trabalhava, próximo à sede da OAB-RJ.

Crime tem características de execução, disse a Delegacia de Homicídios da Capital. Os policiais encontraram 11 cápsulas de munição no local, e nenhum pertence do homem foi levado.

Crespo teria saído do escritório para comprar um lanche quando um homem encapuzado desceu de um carro branco e fez os disparos, mostram imagens das câmeras de segurança. Os tiros continuaram mesmo depois que a vítima estava caída na calçada.

Advogado trabalhava em processos "corriqueiros", disse a vice-presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio.

Não atuava na área criminal. Um advogado conhecido, de um escritório prestigiado do Rio de Janeiro, sem aparentemente nenhum problema que pudesse gerar essa barbaridade, essa violência da qual ele foi vítima.

Escritório trabalha com mercado de criptomoedas e direito do entretenimento —segmento que inclui consultoria para operação de jogos legais, como corridas de cavalo e torneios de pôquer. Há um mês, Crespo escreveu na rede social LinkedIn que costumava falar sobre a regulamentação de jogos lotéricos e registro de apostas no Brasil.

Quem são os suspeitos

O cabo da PM Leandro Machado da Silva, suspeito de envolvimento no assassinato se entregou na DHC (Delegacia de Homicídios da Capital). O PM tem ligação com o jogo do bicho, embora ainda não se saiba se o crime está relacionado à contravenção. Ele já foi investigado e preso por integrar uma milícia em Duque de Caxias (RJ).

A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou, em nota, que o agente já é alvo de procedimento administrativo disciplinar, que pode tirá-lo da corporação.

Nesta terça-feira (5), a Polícia Civil do Rio também prendeu Cezar Daniel Mondêgo de Souza. Ele também é suspeito de envolvimento na morte do advogado.

Souza era assessor da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) desde 2019. Ele foi exonerado na última quinta-feira (29).

Eduardo Sobreira Moraes se entregou, na tarde de terça-feira (5), na Delegacia de Homicídios da Capital, na Barra da Tijuca.

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