Delegado empurra uma policial penal durante resgates no RS e causa revolta
Um delegado da Polícia Civil empurrou uma policial penal que fazia o resgate de animais durante o enfrentamento da enchente em Canoas (RS). A situação ocorreu no domingo (12) e foi o ápice de uma discussão sobre o comprometimento de voluntários e servidores públicos nas cheias. A Polícia Civil apura.
O que aconteceu
Polícia Civil acusada de fazer segurança para celebridades. Era final da tarde de domingo, e agentes colocavam barcos na água. Havia homens de delegacias especializadas usando roupa camuflada. Voluntários que resgatavam animais acusaram os policiais de aparecerem porque fariam a segurança da equipe de filmagem do DJ Alok.
Infelizmente perdeu a compustura @FirminoDelegado. A população tem se arriscado e doa seu tempo em prol dos afetados por essa tragédia no Rio Grande do Sul!#RioGrandedoSul #OPovoPeloPovo #CivilSalvaCivilSim #Empatia#SolidariedadeEmMassa #Recomeco pic.twitter.com/XO9hZhDBRb
-- Márcia Casali (@MarciaCasali) May 13, 2024
O delegado Luis Firmino não gostou do comentário. Ele reclamou em voz alta, e uma voluntária retrucou, dando início a uma discussão. A mulher colocou o distintivo da Polícia Penal e continuou a argumentar.
O tom das vozes aumentou. O delegado, de forma agressiva, afirmava que a policial penal não sabia do que estava falando. Ela perguntou o nome dele, que respondeu: "Delegado Firmino".
Em seguida, ele empurrou a policial penal. Surpresa com a atitude, ela nem conseguiu terminar a frase que estava falando. A reprovação das pessoas foi imediata, e um homem se colocou entre os dois.
Acusação de agressão. Muitos voluntários ficaram revoltados com a postura do delegado e começaram a falar que houve crime sob a lei Maria da Penha. Houve muitos xingamentos e pessoas chamando Firmino de "machão".
O delegado teria admitido o empurrão e dito que errou. Mas ele teria falado, ainda no local, que a situação não configuraria Maria da Penha porque os dois não são casados e nem vivem juntos. Caberia uma acusação de lesão corporal.
O que diz a Polícia Civil
A Polícia Civil confirmou que soube dos fatos. Uma nota foi publicada informando que haverá comprometimento em esclarecer os fatos "com lisura e transparência".
Sem compactuar. A Polícia Civil acrescentou que não concorda com "atitudes equivocadas de seus servidores". O caso está com a Corregedoria. A polícia não colocou o UOL em contato com o delegado Firmino.
A Polícia Penal informou que presta assistência a policial. A corporação confirmou que encaminhou o caso para a Corregederia da Polícia Civil.
A assessoria de imprensa do DJ Alok informou que um comboio de doações foi escoltado por seguranças particulares contratados pelo Instituto Alok. "Em nenhum momento solicitamos escolta policial. Porém, dois policiais se dispuseram a acompanhar a equipe de filmagem por 20 minutos", diz.
Tensão entre voluntários e servidores
A agressão ocorreu na estação Mathias Velho. O local serve de porto improvisado para saída de barcos que prestam socorro numa das áreas mais afetadas pela cheia em Canoas.
Existe muita reclamação sobre as forças de segurança no local. Voluntários dizem que policiais, bombeiros e Defesa Civil desapareceram, e o resgate de animais é feito somente por moradores e pessoas que vieram de outros estados.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberO discurso de falta de apoio é constante. Os voluntários reclamam de não ter ajuda de pessoal e de material. Eles ressaltam que combustível, equipamentos, refeições e água são obtidos por doações, não por repasse estatal.
As forças de segurança rebatem. Policiais civis, militares e da Força Nacional relataram ao UOL que priorizam o patrulhamento noturno. Eles entram nas áreas alagadas para evitar que a escuridão seja aproveitada por saqueadores.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.