Porto Alegre: Mapa reúne desde unidades de saúde até o que falta em abrigos
Em meio a um desastre que já atingiu mais de 2 milhões de pessoas, saber quais unidades de saúde estão abertas e até o que falta em cada abrigo é imprescindível para lidar com a crise. Foi pensando nisso que os engenheiros ambientais Iporã Possantti e José Müller, da UFRGS (Universidade Federal do RS), organizaram a plataforma "Cheias no Rio Grande do Sul".
O que aconteceu
Plataforma é uma grande base de dados com informações geográficas e da situação do desastre em tempo real. "Esse é um esforço emergencial, voluntário, feito por pesquisadores da UFRGS e colaboradores de outras instituições", explicou Iporã ao UOL.
Um dos destaques da ferramenta, lançada no último dia 2, é um mapa interativo de Porto Alegre. Nele, é possível descobrir quais unidades de saúde estão abertas, casas de bombas em funcionamento e o que falta em cada abrigo. Há também uma divisão dos abrigos entre acolhimentos para pessoas e animais, além de centros de doações.
Iporã, que é doutorando do IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas), explica que os responsáveis pelos abrigos compartilham as informações com os dois engenheiros, por meio de uma planilha. A equipe tenta atualizar as informações diariamente em meio às enchentes.
O engenheiro ambiental faz uma análise com tempos de guerra. "À medida que a crise vai se desdobrando, vamos criando novas frentes. É muito análogo a uma guerra. Não estamos fazendo um estudo sistemático, projetado, é uma coisa que vai acontecendo conforme o tempo real", destacou.
A plataforma pode ajudar a orientação de pessoas comuns, mas também a tomada de decisões do poder público, explica o doutorando: "Pessoas na ponta e em todas as esferas. Secretarias usando, gente da gestão municipal. Posso te garantir que muitas decisões importantes foram tomadas graças a esses mapas".
Além do mapa de Porto Alegre - o que a equipe conseguiu completar com mais informações -, a ferramenta conta com outros 15 mapas da região metropolitana, Vale do Taquari, Lago Guaíba e zona sul. Acesse aqui.
Prefeitura da capital gaúcha também lançou, nesta segunda-feira (13), uma base de dados com informações sobre o desastre. A plataforma municipal é menos detalhada do que a ferramenta da UFRGS, a exemplo da lista de abrigos e o que falta em cada um, mas faz um balanço sobre a tragédia na cidade. Acesse aqui.
Enchentes desalojaram uma a cada 20 pessoas no RS
As enchentes no Rio Grande do Sul já desalojaram uma a cada 20 pessoas no estado, conforme dados da Defesa Civil estadual.
538.245 estão desalojadas no Rio Grande do Sul, segundo último balanço da Defesa Civil. Número corresponde a aproximadamente 5% da população do estado, que é de 10.882.965 conforme o último Censo do IBGE.
Os desalojados não necessariamente perderam suas casas, diferentemente dos desabrigados. O grupo é composto por pessoas que saíram de suas casas e, em muitos casos, estão na residência de parentes.
Número de desalojados deu salto e passou de 500 mil na noite de sábado (11). Antes, o total de pessoas nessas situações era de 339.925.
Quase 80 mil pessoas estão em abrigos. Em um deles, em Novo Hamburgo, uma grávida deu à luz. Já em outro, um filhote de porco está vivendo entre as pessoas.
Número de mortos já supera total de óbitos por desastres de 1991 a 2022. No período, foram registrados 101 mortos. Agora, em menos de um mês, as chuvas já causaram 147 óbitos, segundo o boletim divulgado pela Defesa Civil às 18h desta segunda.