Família se arrisca para resgatar gatos após chuvas: 'Odisseia'

Uma família conseguiu resgatar dois gatos no apartamento em que mora após uma primeira tentativa frustrada, quando esperavam 12 horas.

O que aconteceu

Animais ficaram três dias em quarto, mas ainda tinham água e comida. Os gatos Pantufa e Bibi foram deixados no imóvel, no bairro Humaitá, em Porto Alegre, após socorristas falarem para "levar só o essencial", como contou ao UOL na quarta-feira (8) a química industrial Veridiana Rodrigues, 52 anos. "Foi uma odisseia para conseguir resgatá-los", diz.

Espera de 12 horas. Naquele dia, Veridiana ficou das 9h até as 21h aguardando pelos animais embaixo do viaduto da Terceira Perimetral. Ela tinha dado a chave da moradia para uma voluntária de ONG voltada à causa animal. Até então, a mulher era uma desconhecida, mas mais tarde a química industrial descobriu que ela mora no mesmo condomínio.

Embarcação que tentava chegar ao apartamento ficou sem gasolina, estava superlotada e teve que voltar. E o pior: o endereço que estava anotado em um papel na chave, molhou, impossibilitando o resgate. Ao saber da notícia, a filha de Veridiana, Rafaela Rodrigues de Peixoto Pereira, 18, foi aos prantos. Naquele momento, a jovem já planejada ir até o apartamento por conta própria. "Ela disse 'eu vou lá buscar'. No outro dia estava empenhadíssima, correndo contra o tempo", conta a mãe.

9.mai.2024 - A química industrial Veridiana Rodrigues aguarda angustiada que seus dois gatos sejam resgatados
9.mai.2024 - A química industrial Veridiana Rodrigues aguarda angustiada que seus dois gatos sejam resgatados Imagem: Hygino Vasconcellos/UOL

Nova tentativa no dia seguinte. Na quinta-feira (9), Rafaela foi com o namorado até o viaduto para tentar conseguir um barco e ir até o apartamento. Por volta das 16h, eles conseguiram uma carona em uma embarcação e foram com outras quatro pessoas - um era policial civil. Havia riscos de assaltos durante o percurso, conta Veridiana. "Fiquei muito apreensiva, com medo, inicialmente não sabia que iria um policial civil junto."

Era escuro quando eles chegaram ao condomínio. Antes de chegar ao apartamento, a embarcação precisou fazer outras paradas, inclusive para resgatar um cachorro de uma das pessoas que estava no barco.

Água estava a 1,3 metro de altura. "E eu tenho 1,6 metro. Tinha receio de não conseguir transportar os gatos". O barco conseguiu acessar o condomínio pela garagem, deixando o casal de namorados próximo da entrada. "A água já tinha invadido o primeiro andar. Eu já chorava muito."

Gatos estavam assustados. O Pantufa, por exemplo, estava dentro de uma casa de bonecas. Rafaela se aproximou com cuidado e tentou colocar o Pantufa duas vezes na caixa de transporte, mas ela percebeu que a porta estava quebrada. Por conta disso, ela deixou o volume na vertical e colocou a outra caixa por cima, com o Bibi dentro.

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Recebidos com aplausos. Dali o grupo voltou para o cruzamento da Terceira Perimetral com a Avenida Cairú, onde foram recebidos por voluntários, que garantiram atendimento veterinário para os gatos.

Família deixou apartamento na segunda-feira. No sábado (4), a água já tomava conta da rua. "Eu acordei no sábado e já estava tudo alagado." Rafaela estava no apartamento com o avô, o padrasto e a irmã. A família tentou ficar mais um tempo no imóvel. "Mas a gente já estava há três dias sem telefone e a água já estava marrom. Meu padrasto falou na segunda: 'vamos ter que sair'.". Eles deixaram o apartamento com apoio de voluntários, mas não puderam levar os gatos.

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