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Com rondas de barco, polícia acompanha volta para casa em Eldorado do Sul

Do UOL, em Eldorado do Sul

22/05/2024 04h00Atualizada em 23/05/2024 09h51

Com um barco na caçamba, um carro da Polícia Civil circula por uma rua de Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. No trajeto, é possível ver o efeito devastador das chuvas, com móveis inutilizados na calçada enquanto moradores tentam retornar para suas casas em uma das cidades mais atingidas pelas enchentes.

A viatura estaciona perto de um carro que está com as rodas para cima. Em seguida, os policiais sobem no barco, dando início a uma ronda para evitar saques e acompanhar o retorno da população. Nesse caminho, encontram pessoas nos imóveis que ainda estão embaixo d'água.

De forma muito lenta, a água está baixando e a população está voltando. As ações são para garantir que retornem com tranquilidade.
Luciane Bertoletti, delegada de Polícia Civil de Eldorado do Sul

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A polícia também investiga crimes após a enchente. A facção conhecida como "Os Manos", a principal organização criminosa no Rio Grande do Sul, planejou uma série de furtos a empresas em meio ao alagamento, segundo o UOL apurou. Após investigações, 14 pessoas foram presas por receptação e associação criminosa por suspeita de envolvimento nessas ações.

Polícia Civil faz ronda de barco em Eldorado do Sul Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Em um trecho pela área alagada, os agentes observam um veículo se aproximando do portão em uma área ainda alagada. É a primeira vez que um casal que mora ali chega ao local depois da enchente.

"Não sei como esse pneu parou aqui dentro", diz o aposentado Sérgio Januário, 67, no quintal da casa, onde não havia mais água, já que a casa fica em um ponto mais alto em comparação à calçada ainda debaixo d'água. "Bah, horrível! Essa foi para liquidar. Quer dar uma olhada para ver como ficou o estrago ali dentro?", pergunta.

Dados da prefeitura de Eldorado do Sul indicam que 95% da população foi atingida pela enchente, que obrigou mais de 20 mil pessoas a sair de casa. É o equivalente a 50% da população. Desse total, cerca de 6 mil deixaram a cidade, já que não havia abrigos disponíveis para atender os moradores no município. Seis pessoas morreram e outras 13 seguem desaparecidas, segundo a administração municipal.

Sérgio Januário e a esposa Elita Deboni Franco (ao fundo) no momento em que entraram pela primeira vez em casa em área alagada de Eldorado do Sul Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

'Não sei o que vai acontecer com Eldorado'

A marca de barro na parede indica que a enchente chegou a invadir o imóvel por três metros. Como não havia iluminação elétrica, Sérgio Januário usa a lanterna do celular para ver a destruição deixada pela enchente. "Não sei o que vai acontecer com Eldorado, está tudo debaixo d'água. Mas vamos ter que nos reerguer".

Parede na casa de Sérgio Januário e de Elita Deboni Franco, que foi tomada pela água em Eldorado do Sul Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

A geladeira estava pendurada por uma corda na escada que dá acesso ao segundo piso, que não chegou a ser atingido pela água. As xícaras penduradas por ganchos na parede da cozinha estavam cheias de lama.

"Estou tremendo, cara", diz o morador, enquanto tenta tirar com o dedo o barro de um porta-retrato com a foto de infância da esposa, a bioquímica Elita Deboni Franco, 72. "Está tudo destruído. O sentimento é de perda e de tristeza, mas tem muita gente em situação bem pior", diz Elita.

Policiais ajudam a trancar portão para evitar saques em imóvel em área ainda alagada em Eldorado do Sul Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Volta após resgate de helicóptero

Em outro trecho alagado, os policiais civis decidem parar ao ouvir barulho dentro de uma casa. "Estou aqui para começar a limpar a casa", diz Michael Lupuis Buchert Moser, 35.

Na garagem do imóvel ao lado, ainda havia dois carros, que ficaram totalmente submersos em meio à enchente. "Eu estava tentando fechar o portão para evitar saques", explica a autônoma Mônica Raquel Assis D'Ávila, 47.

Ela é sobrinha do morador, o empresário Jorge Luiz Stropper de Assis, 67, que precisou ser resgatado com a esposa de helicóptero já no segundo piso da casa em meio à enchente. Depois disso, Mônica abrigou o casal no imóvel onde mora em Guaíba, também na região metropolitana de Porto Alegre. E, agora, voltou a Eldorado acompanhada pelo tio, que em seguida se aproxima, caminhando em meio à água.

O importante é que estamos vivos. Pessoas morreram afogadas enquanto tentavam escapar da enchente. Agora, é juntar o que restou e reconstruir tudo de novo.
Jorge Luiz Stropper de Assis

Moradores de Eldorado do Sul retornando para casa Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

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