Funcionária do Samu é suspeita de vazar fotos de família morta por PM em SP
Colaboração para o UOL, em São Paulo
22/05/2024 13h07
A prefeitura de Apiaí (SP) instaurou sindicância interna para investigar uma funcionária do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) suspeita de vazar fotos da família morta por um policial militar, na quinta-feira (16).
O que aconteceu
Funcionária é investigada pela suposta prática de proibições administrativas, segundo a prefeitura. A suspeita, que não teve a identidade revelada, é acusada de divulgar em grupos online fotos dos corpos de Josilene Rosa, 39, e dos filhos dela, Gabriel Miranda e Arthur, de 20 e 12 anos, assassinados pelo ex-companheiro da vítima, o PM Ednei Antonio Vieira.
Relacionadas
O caso chegou à prefeitura após familiares de Josilene denunciarem a divulgação das imagens das vítimas. Em nota, a administração municipal disse que, se ficar comprovado que a funcionária vazou as fotos, ela pode perder o cargo "a bem do funcionamento público".
Prefeitura de Apiaí ressaltou que o Samu é uma instituição séria e que trabalha baseado em "preceitos éticos e legais".
Funcionária pode sofrer sanções éticas do órgão do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo). Ao UOL, o órgão informou que abriu sindicância para investigação do caso. "A apuração seguirá sob sigilo processual e, após a averiguação dos fatos, se forem constatados indícios de infração ética, será instaurado um processo ético-profissional. A profissional envolvida poderá ser notificada para manifestar a sua versão do fato, garantido o direito de defesa".
Profissional pode sofrer advertências em caso de confirmação da infração. Segundo o Coren-SP, as advertências podem ser multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Relembre o crime
Cerca de sete tiros foram disparados. A professora Josilene Rosa e os filhos, Gabriel Miranda e Arthur, foram baleados na casa da família, no Jardim Araucária. Os três morreram no local.
O PM foi preso na terça-feira (21) e negou ter cometido o crime. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), Ednei se apresentou acompanhado dos advogados e foi encaminhado ao presídio Romão Gomes em São Paulo.
Ednei não aceitava término do relacionamento, indica a investigação. Eles ficaram juntos por pouco mais de seis meses.
Entretanto, a motivação ainda é apurada, diz o delegado à frente da investigação, Valmir Oliveira. "A gente ainda não sabe a motivação, mas tudo indica que tenha sido em razão do rompimento do namoro que ele tinha com a vítima", disse, em entrevista ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.
A escola na qual Josilene era professora lamentou a morte. ''Sua partida de forma precoce e brutal dilacerou o nosso coração, sentiremos muito a sua falta'', escreveu a direção da Escola Municipal Professora Elisa dos Santos.
A Prefeitura de Apiaí decretou luto oficial de três dias pela morte das vítimas. "Uma perda que abala o coração da comunidade", diz texto publicado pela gestão municipal. Nota diz que a professora era conhecida por sua paixão pela musicalização infantil, tocando a vida de muitos alunos com sua alegria e seu talento. "A notícia de sua morte e a de seus filhos, Gabriel e Arthur, na última quinta-feira (16) de maio, trouxe uma onda de tristeza e solidariedade por todo o município".
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.