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Anomalia magnética no Brasil está se dividindo em duas, diz professor

Do UOL, em São Paulo

28/05/2024 04h00

O professor Ricardo Trindade, do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, da Universidade de São Paulo), disse ao UOL News que a AMAS (Anomalia Magnética do Atlântico Sul) está se separando em duas.

E uma coisa interessante que está acontecendo nos últimos anos é que a gente está vendo que ela [AMAS] está se separando em duas anomalias. Uma que fica na margem da África e outra que continua aqui na América do Sul, expandindo.
Professor Ricardo Trindade, do IAG-USP, ao UOL News

Segundo o docente, a AMAS é a maior anomalia que nós temos no campo magnético atualmente. Apesar de ser monitorada ao longo dos últimos anos pelos pesquisadores, ela já existe há pelo menos 500 anos, após surgir, de forma reduzida, na margem oeste da África, onde fica a Namíbia e a África do Sul.

"A gente tem algumas medidas que permitem dizer que essa anomalia está por aí, andando, entre a África e a América do Sul há milhões de anos. Então, é um fenômeno que faz parte dessa região do globo há muito tempo", esclareceu.

Com o passar dos anos, a AMAS se deslocou na direção oeste, passando pelo oceano atlântico sul e chegando no Brasil por volta da década de 40, quando começa a ampliar sua superfície.

A origem dessa anomalia está nos movimentos desse núcleo interno líquido, feito essencialmente de ferro, que fica mais ou menos a 3.000 quilômetros de profundidade. Lá, esse núcleo se movimenta, tem correntes de convecção que movimentam esse fluído e esse fluído que gera o campo que a gente vê aqui na superfície.
Professor Ricardo Trindade, do IAG-USP, ao UOL News

Tudo que está em azul é a Anomalia do Atlântico Sul, explica docente Imagem: Divulgação/Agência Espacial Europeia

Trindade também explicou que a existência da anomalia do Atlântico Sul ocorre, provavelmente, porque existem heterogeneidades (compostos de elementos de natureza diferentes) em profundidades muitos grandes na terra, que fazem com que sejam concentradas algumas linhas de campo magnético em alguns lugares do mundo, entre eles, a AMAS.

Há risco para quem está na superfície?

Questionado pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto, o professor afirmou que não há risco imediato para quem está na superfície. Porém, danos podem ser sofridos por quem está em altitudes mais elevadas, por exemplo, em voos intercontinentais ou estações espaciais, já que nessas situações há aumento da quantidade de partículas de radiação solar que as pessoas ou organismos que estão nesses ambientes vão receber.

Apesar disso, ele explicou que a radiação é reduzida à medida que você chega mais próximo da superfície e é realmente mais significativa em órbita.

Por outro lado, tem uma implicação importante porque como esse buraco está sendo mais afetado por essa radiação que vem do Sol, os satélites e todos os sistemas - que são responsáveis por boa parte das comunicações que a gente tem hoje - eles quando passam por ali, sofrem uma influência muito forte dessa radiação e isso afeta os sistemas desses satélites e alguns deles desligam os sistemas e religam após passar por essa anomalia.
Professor Ricardo Trindade, do IAG-USP, ao UOL News

Por fim, o docente ainda indicou que o aumento da superfície da AMAS faz com que uma área maior seja afetada, o que pode provocar mais problemas com o funcionamento dos satélites, mas ele ressaltou que não há risco para os equipamentos que utilizam georreferenciamento ou dependem de comunicação por satélite.

Os satélites já tem uma proteção, em geral, exatamente em função da necessidade de passar sobre a anomalia do atlântico sul. Mas os sistemas de localização, como o GPS, eles têm um sistema de redundância e eu acho que isso não vai afetar esses sistemas que a gente está acostumado a usar.
Professor Ricardo Trindade, do IAG-USP, ao UOL News

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