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Brigadeirão envenenado: assista ao depoimento da suspeita de matar namorado

Do UOL, em São Paulo

03/06/2024 20h27

Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de matar o namorado, o empresário Luiz Marcelo Ormond, disse em depoimento à polícia que decidiu terminar o relacionamento com ele após descobrir uma suposta traição. O UOL teve acesso a vídeos da Polícia Civil que mostram a oitiva de Júlia, realizada no dia 22 de maio, dois dias após Luiz ser encontrado morto dentro do seu apartamento no Rio.

O que disse a suspeita

Júlia Andrade detalhou que viu uma conversa com uma mulher no celular do empresário. "Esperei ele ir tomar banho e fui mexer no computador (...) Vi que enquanto eu estava dormindo, ele ficava em bate-papo, descobri que ele tinha um Instagram fake, aí teve briga, falei que queria ir embora. Ele tentou virar o jogo como se eu fosse errada de estar mexendo nas coisas dele", disse a suspeita, que é considerada foragida.

No dia 20 de maio, mesmo dia em que o corpo foi encontrado, ela disse que foi embora. "Arrumei minhas coisas, e na segunda-feira acordei, tomei banho e falei que iria embora. Ele falou que não era para eu ir embora que ele não iria conseguir ficar sem mim".

Suspeita falou em remédio para impotência sexual

Ela contou que foi morar com ele no dia 19 de abril deste ano, mas que se conheciam desde 2013. Nos dias em que viveu com Luiz, ela relatou que ele estava "dormindo demais" e estava "muito estressado". Disse ainda que ele consumia maconha e remédio para impotência sexual.

Imagens gravadas pela Polícia Civil mostram Júlia sorrindo várias vezes ao longo do depoimento. A suspeita é de que ela tenha comprado remédio controlado e colocado em um brigadeirão dado à vítima. De acordo com o delegado Marcos Buss, naquela ocasião, a investigação ainda não trabalhava com a hipótese de homicídio, mas ainda assim de morte suspeita. Durante a oitiva, Júlia passou a ser considerada suspeita, e um mandado de prisão foi solicitado à Justiça em seguida.

Júlia disse que não tinha informações da vida financeira de Luiz

A mulher negou que tivesse informações sobre a vida financeira da vítima: "A única coisa que eu sei é que ele queria comprar um apartamento, mas se ele tinha dinheiro eu não sei".

Imagens de câmeras de segurança mostram Júlia indo foi até a portaria para pegar o cartão da conta conjunta que abriu com Luiz. Depois disso, às 13h20 da segunda-feira (20), ela saiu do prédio com uma mala e duas bolsas. No depoimento, ela contou que não chegou a usar o cartão.

A suspeita também afirmou que é psicóloga, mas não atuava profissionalmente porque Luiz Marcelo não deixava. Ela disse ainda que eles dormiam separados, ela no quarto, e ele na sala.

Carro foi deixado na Maré, diz suspeita

Na versão de Júlia, ela diz que Luiz teria pedido para ela deixar o carro dele no Complexo da Maré.

Ela detalhou que viu que a sala do apartamento estava cheia de bolsas assim que acordou no sábado (19). Segundo ela, ele teria pedido para ela colocar tudo no carro e levar o veículo até um homem na Maré. Questionada pela polícia, ela disse que não lembra a rua onde deixou o carro, e só viu poucos detalhes do suposto homem que levou o carro.

Depois, teria ido ao Méier porque "precisava espairecer". Nesse dia, ela relatou que voltou para casa de táxi, pago em dinheiro.

A polícia diz, no entanto, que o carro, avaliado em R$ 75 mil, foi vendido por Júlia após a morte de Luiz.

O veículo, na verdade, foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos. Abordado pelos policiais, o homem que estava na posse do carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. Com o mesmo homem, foram encontrados o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo. Ele foi preso em flagrante por receptação.



Corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição

A mulher explicou que foi embora no dia 20 de maio após o empresário ter feito café da manhã para ela. O corpo dele foi encontrado no mesmo dia, em avançado estado de decomposição. A perícia indicou que a morte pode ter ocorrido entre três e seis dias antes de o cadáver ser achado, o que diverge da versão da foragida.

Segundo uma testemunha ouvida pelo Fantástico, Júlia pressionava o namorado por uma união estável. "Ele falava muito que vivia muito em briga com ela, ele sempre falava comigo, que eles brigavam muito e tudo mais. Ele era um cara que tinha medo de casar, que ele falava pra mim, por causa dos bens dele, com medo de separar", contou.

A causa da morte ainda não foi revelada. Os investigadores acreditam que Luiz comeu um "brigadeirão" envenenado. No dia 17 de maio, câmeras de segurança flagraram o empresário pela última vez com vida no condomínio. Ele estava com Júlia no elevador e carregava um prato que poderia conter o doce com o veneno.

Mensagens atípicas do número do empresário

Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto no dia 20 de maio Imagem: Reprodução

Pelo menos três pessoas ouvidas pela polícia afirmam que receberam mensagens atípicas do número do empresário. A polícia desconfia que as mensagens tenham sido enviadas pela namorada da vítima e principal suspeita do crime.

Testemunhas desconfiaram de mensagens. Segundo o delegado Marcos Buss, o depoimento de testemunhas que afirmam que estranharam a forma de falar nas mensagens do número do empresário reforçou a suspeita sobre Júlia.

Há imagens de câmera de segurança do elevador que mostram Júlia com dois celulares na mão. A polícia desconfia que um deles seja o do empresário morto. Ela teria mandado mensagens para amigos da vítima se passando por ele depois que ele já estava morto.

Uma das testemunhas relatou cobrança. A mensagem pedia o adiantamento da prestação de um terreno que a vítima teria vendido para ela, o que causou estranheza.

O caso

Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto no dia 20 de maio. Vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento e acionaram a polícia. Ele havia sido visto pela última vez no dia 17 de maio. Câmeras de segurança registraram o momento em que Luiz e Júlia deixam a piscina e entram no elevador. As imagens mostram que ele segura um prato e ela uma cerveja. Em determinado momento, eles se beijam.

O corpo do empresário foi encontrado no sofá do apartamento. O imóvel fica localizado no Engenho Novo, na zona norte do Rio. Conforme o laudo do Instituto Médico Legal, o homem morreu de três a seis dias antes de o corpo ser encontrado. A causa da morte foi inconclusiva.

A suspeita teria reclamado do mau cheiro do corpo. A afirmação foi feita à polícia pela mulher presa por envolvimento no crime, e que se apresenta como cigana. Suyany Breschak foi presa por supostamente ter ajudado Julia a se desfazer dos bens do namorado.

Mulher chegou a dizer que havia "um urubu na janela". Julia teria permanecido no apartamento da vítima por dias. Corpo foi encontrado após vizinhos se incomodarem com cheiro forte, e acionarem a polícia.

Suyany Breschak, que seria conselheira espiritual de Júlia, foi detida em Cabo Frio (RJ) e transferida para a capital. Ela é suspeita de ajudar foragida a vender alguns bens do empresário. Na quinta-feira (30), a Justiça manteve a prisão de Suyany. Ela disse disse que a autora tinha uma dívida com ela de cerca de R$ 600 mil. A namorada seria garota de programa e manteria um relacionamento com outro homem, além da vítima.

Em depoimento, Suyany disse que Júlia teria matado o namorado com um "brigadeirão" envenenado. Ela ainda relatou que Júlia seria garota de programa e tinha uma dívida de R$ 600 mil com ela. A presa ainda contou que teria ajudado a sumir com alguns pertences da vítima. Além dela, um homem que teria comprado bens do empresário foi preso em flagrante por receptação.

O UOL tenta contato com a defesa das duas suspeitas de envolvimento na morte de Luiz Marcelo. O espaço segue aberto para manifestação.

Disque Denúncia divulgou cartaz pedindo informações sobre suspeita. "Ela é a principal suspeita de envolvimento na morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, encontrado morto no apartamento onde morava, no Engenho Novo", diz o texto. Qualquer informação sobre o paradeiro de Júlia pode ser enviada, de forma anônima, para os números (021) - 2253 1177 ou 0300-253-1177, do WhatsApp (021) - 2253-1177 e do aplicativo Disque Denúncia RJ.

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