Caso Djidja: Polícia investiga possíveis maus-tratos a animais na família
Do UOL, São Paulo
03/06/2024 19h18Atualizada em 03/06/2024 19h18
A Polícia Civil do Amazonas passou a investigar possíveis maus-tratos a animais na família de Djidja Cardoso, ex-sinhanzinha do Boi Garantido. Uma seita familiar liderada pela mãe e pelo irmão está sendo alvo de investigações após a morte de Djidja.
O que aconteceu
A polícia disse ter recebido uma denúncia de maus-tratos aos animais da família. A Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente começou a investigar as acusações nesta segunda-feira (3).
Duas cobras e cinco cachorros foram resgatados na casa da família. A ação, realizada na última quinta-feira (30), foi liderada pela deputada estadual Joana Darc (União Brasil), da Comissão de Proteção aos Animais, da Assembleia Legislativa do Amazonas.
Comissão recebeu relatos de que drogas eram aplicadas nos animais durante os rituais. Segundo a deputada, a família ainda operava um canil, que foi desativado há cerca de um ano.
O irmão de Djidja, Ademar Cardoso, apareceu em vídeo submetendo uma cobra a inalar a fumaça de cigarro de maconha. A gravação foi publicada em suas redes sociais no ano passado. ''A cobra vai fumar'', dizia na legenda.
Segundo a deputada Joana Darc, testemunhas disseram que a a mãe de Djidja chegou a estrangular e chacoalhar uma cobra durante um ritual. O animal teria sido salvo por uma funcionária das mãos de Cleusimar Cardoso Rodrigues, que está presa desde quinta (30) junto com o filho.
Cães e cobras estão sendo avaliados. ''Estamos colaborando com a Dema, aguardando os resultados dos exames de raio-x, sangue e urina de todos os animais ajudados. Vamos atuar até o fim neste caso para que sejam enquadrados nos crimes de maus-tratos junto aos outros crimes'', disse.
O advogado da família Vilson Benayon disse que ainda não teve conhecimento sobre a acusação de maus-tratos. O espaço segue aberto para manifestação.
O que se sabe na investigação
Polícia ouviu ao menos 10 pessoas para as investigações. Segundo o delegado, prestaram depoimento até agora as vítimas, familiares das vítimas, familiares dos suspeitos e um funcionário da clínica veterinária suspeita de fornecer a droga utilizada ilegalmente nos rituais.
Duas vítimas identificadas até o momento. Cárcere privado e estupro de vulnerável estão entre os crimes apontados. A polícia identificou ao menos duas vítimas que teriam sido mantidas sob cárcere privado e sido estupradas sucessivas vezes por membros do grupo durante dias.
Estão presos Cleusimar e Ademar Cardoso, a mãe e o irmão de Djidja Cardoso e três funcionários da redes de salão de cabeleireiro. O delegado afirmou que todos os presos serão interrogados. Os funcionários Verônica da Costa Seixas, 30, Claudiele Santos da Silva, 33, e Marlisson Vasconcelos Dantas são suspeitos de induzir pessoas a se associar ao grupo.
Família de Djidja é suspeita de fornecer, distribuir e usar a droga nos empregados de uma rede de salões de beleza em alguns rituais. A droga também chamada de ketamina é usada ilegalmente como substância recreativa.
Investigações começaram com pai de vítima na delegacia. "O pai da companheira de Ademar, irmão de Didja, resgatou a filha dopada e a levou à delegacia, relatando os fatos há cerca de 40 dias", diz o delegado. Segundo a polícia, "seita" funcionava há pelo menos dois anos no bairro Cidade Nova, em Manaus.
Polícia detalha que Ademar assumia a figura de Jesus, Cleusimar seria Maria, mãe de Jesus, e Djidja, a ex-sinhazinha, de Maria Madalena. Juntos, induziam seguidores a acreditar que com o uso da substância iriam "transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação".