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Mãe e irmão de Djidja têm crise de abstinência no presídio, diz defesa

A empresária Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso (da esquerda para a direita) Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

03/06/2024 15h34

Ademar e Cleusimar Cardoso, irmão e mãe de Djidja Cardoso, achada morta em Manaus, estão sofrendo com crises de abstinência dentro dos presídios onde estão presos. Verônica da Costa, gerente da rede de salões de beleza da família, também apresenta os mesmos sintomas.

O que aconteceu

Advogadas disseram que Ademar e Verônica estão mais "tranquilos", enquanto Cleusimar apresenta sintomas mais graves. A informação foi divulgada no domingo (2) em entrevista coletiva concedida pelas advogadas da família, Lidiane Roque e Nauzila Campos.

Trio estaria passando mal devido à abstinência de cetamina. A substância era usada pelos familiares nos rituais religiosos, de acordo com a investigação da polícia. "Essa cetamina tem efeitos pavorosos e a abstinência é da mesma maneira, terrível. Ele estão passando mal no presídio", afirmou Nauzila Campos.

Defesa negou a existência da seita. "Não existe esse negócio de ritual e de que funcionários e amigos eram obrigados ou coagidos a usar a droga. Não existia isso. Eles ofereciam sob efeito de drogas, com aquele argumento, com aquela alegação da transcendência da evolução espiritual", argumentou a advogada Lidiane Roque.

Lidiane contou que Cleusimar chegou a oferecer a droga para ela, mas que não aceitou. "Mas nunca houve coação, nunca houve obrigação, inclusive, confirmei isso com os funcionários".

Não existe seita, não existe ritual macabro. Todas as declarações deles, os vídeos que circulam na internet, todas as provas que estão no inquérito são fruto de alucinações extremamente severas, de uma droga que está destruindo famílias.
Nauzila Campos

As advogadas também cobraram a prisão do dono da clínica veterinária que fornecia a droga à família. "Os fornecedores de droga são os verdadeiros traficantes. E a gente questiona, cadê o dono dessa clínica veterinária que não foi preso até agora? A pessoa viciada, o dependente químico faz de tudo para alcançar a droga, e o dependente químico não é traficante. O traficante é um comerciante que precisa lucrar e faz de tudo e se aproveita da vulnerabilidade dos dependentes", questionou Nauzila.

A defesa considera que a operação da Polícia Civil salvou a vida dos envolvidos. "A prisão salvou a família, salvou a vida deles. Se essa operação tivesse sido deflagrada algumas semanas atrás, a Djidja estaria viva. Ela estaria presa, mas estaria viva", destacou Lidiane.

Mãe e filho têm dependência química

Advogado Vilson Gomes Benayon Filho disse ao UOL que a mãe e o irmão de Djidja faziam uso prolongado de drogas. "Eles são dependentes químicos, não tinham condições psicomotoras de se locomover", afirmou. Os mandados de prisão ocorreram na quinta-feira (30), e na sexta-feira (31), ambos passaram pela audiência de custódia.

Cleusimar e Ademar teriam se apresentado na delegacia como Maria e Jesus, diz advogado. "A mãe de Djidja se identificou como Maria, mãe de Jesus, e disse que o filho era Jesus, eles não tinham noção. Isso aconteceu logo depois da prisão, entrei na sala e eles falaram isso", afirma Benayon Filho. "Eles também convidaram o delegado para experimentar, tomar conhecimento da espiritualidade."

Grupo religioso se chamava "Pai, Mãe, Vida". No grupo, segundo a polícia, eram realizados rituais com o uso indiscriminado de cetamina — droga sintética de uso veterinário com efeitos alucinógenos. As investigações apontam que algumas vítimas passaram por violência sexual e aborto.

Como era o local dos rituais

Foram encontradas seringas, doses de cetamina, frascos vazios, medicamentos, computadores e documentos. Equipes da Polícia Civil do estado estiveram na casa na terça-feira (28) e na quinta-feira (30), segundo o delegado Cícero Túlio, responsável pelas investigações do caso.

Cheiro ruim no espaço dos rituais. "A casa tinha cheiro de carne em estágio de putrefação", disse o delegado. Segundo ele, os suspeitos tinham lesões na pele "tipo necrose por conta das aplicações". A polícia esteve no local no dia em que Djidja Cardoso morreu e na ocasião das prisões preventivas.

Vítimas foram mantidas "despidas e sem se banhar durante todo período". Segundo as investigações, teria ocorrido ainda um aborto de uma das vítimas que estava grávida.

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