Família de Djidja usava chá alucinógeno e remédio para cavalos, diz polícia
Além de cetamina, a seita "Pai, Mãe, Vida" usava cogumelos e chá alucinógenos, revelou, neste domingo (9), o delegado do caso, Cícero Túlio. Ele acrescentou que a família de Djidja Cardoso também consumia Potenay, medicamento usado em bovinos e equinos com desnutrição e sistema imunológico debilitado.
O que aconteceu
A informação foi revelada na sequência da detenção do dono da clínica veterinária que fornecia cetamina para a família Djidja. José Máximo Silva de Oliveira se apresentou neste sábado (8) à Polícia Civil, depois de ter a prisão preventiva decretada.
O delegado afirmou que não há prazo para encerrar a investigação. Até o momento, dez pessoas foram detidas. Elas estavam envolvidas com a seita religiosa que usava cetamina para "transcender a outra dimensão", prática que causou a morte de Djidja Cardoso.
O que é Potenay
Trata-se de um medicamento de uso veterinário aplicado em animais de grande porte como cavalos e bois. Ele é composto por uma mix de vitaminas do complexo B e um derivado de anfetamina (estimulante).
A substância é usada em quadros de animais se recuperando de anemia, desnutrição e doenças infecciosas. O estimulante contido no Potenay é semelhante a metanfetamina e eleva a pressão sanguínea, melhorando a circulação e respiração.
Outro efeito é aumentar a força e resistência, fazendo fisiculturistas usarem o Potenay como pré-treino. Não se trata de um anabolizante, mas o medicamento faz os músculos parecerem maior e ainda expande a capacidade de levantar peso. Um dos presos durante a investigação é o coach fitness Hatus Silveira.
Autoridades médicas alertam para os diversos prejuízos à saúde. O Potenay, que contém anfetaminas em sua composição, causa dependência.
Os danos do Potenay ao organismo são diversos e incluem o sistema cardíaco:
- Insônia;
- Ansiedade;
- Tremores;
- Sudorese;
- Falta de apetite;
- Nervosismo;
- Taquicardia;
- Danos ao fígado;
- Danos permanentes nas câmaras do coração;
Relembre o caso
Djidja foi encontrada morta dentro de sua casa em Manaus em 28 de maio. A investigação sugere que ela sofreu uma overdose de cetamina.
A família de Djidja era investigada quando a morte ocorreu. Eles lideravam a seita "Pai, Mãe, vida" e pregavam o uso da cetamina para "alcançar um plano superior e a salvação".
A família alegava que assumiria figuras religiosas com o ritual:
- Djidja seria Maria Madalena;
- A mãe dela, Cleusimar Cardoso, seria Maria;
- O irmão dela, Ademar Cardoso, seria Jesus;
A polícia entrou no caso há cerca de 50 dias. O pai da companheira de Ademar resgatou a filha dopada e a levou à delegacia. De acordo com o delegado, a seita funcionava havia pelo menos dois anos.