Conteúdo publicado há 6 meses

Brigadeirão envenenado: delegado afirma que testemunhas desmentem 'cigana'

O delegado Marcos Buss, responsável pela investigação da morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond após supostamente ser envenenado com um brigadeirão pela namorada Júlia Andrade Carthemol, afirmou que a versão apresentada por Suyany Breschak, "conselheira espiritual" presa por suspeita de envolvimento no crime, foi desmentida por testemunhas ouvidas na última quinta-feira (6).

O que aconteceu

Após ouvir o namorado de Suyany, Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, e o amigo dele, Victor Ernesto de Souza Chaffi, que chegou a ser preso por receptação, por estar em posse do carro de Luiz Marcelo, o delegado afirmou que as versões de ambas testemunhas contradizem as de Suyany, que se identifica como cigana e diz trabalhar com "limpeza espiritual".

A Suyany diz que dava dinheiro há um tempo para o Victor porque ele ameaçava matar ela e os filhos dela. (...) Só que, em dado momento da declaração, ela também diz que tem um caso amoroso com o próprio Victor, mas que Leandro não sabia disso. Olha só que loucura, que negócio enrolado. Marcos Buss, delegado da 25ª DP (Engenho Novo), em entrevista ao UOL

Para o delegado, as alegações de Suyany são "confusas", uma vez que ela não explica o motivo das supostas ameaças, enquanto as duas testemunhas alegam que ela havia "saído com Victor uma única vez", antes do namoro com Leandro.

Isso vai ficar mais claro quando a gente abrir os celulares apreendidos deles e começar a ver como eles conversavam e que tipo de relacionamento tinham. (...) Mas até o momento essa versão não está compatível com nenhum outro elemento descoberto pelas investigações. (...) O que sabemos é que os três eram amigos mesmo, iam para a balada juntos, se reuniam, completa Buss.

Apesar das diferentes versões, ainda de acordo com o delegado, os três assumem que o carro de Luiz Marcelo, supostamente roubado por Julia, foi entregue por Suyany a Victor durante um encontro em Cabo Frio (RJ). Lá, em troca de dinheiro, ele teria sido encarregado de vender o veículo, onde foram encontradas armas com registro de posse do empresário morto.

Parece que as armas ficaram em um terreno que era de um familiar do Victor, mas isso tudo estamos apurando ainda. E são informações que fortalecem a participação da Suyany nesse caso, afirma o delegado.

Ambas as testemunhas, segundo Buss, alegam que não tinham conhecimento da morte do empresário antes da prisão de Suyany, que também nega envolvimento no suposto crime.

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Cliente ou amiga?

Sobre a relação de Suyany e Júlia, que encomendava "trabalhos espirituais" com a conselheira, o delegado afirma: "Essa relação é o que a gente está tentando entender ainda".

Nós acreditamos que tem um componente espiritual mesmo e que ela [Júlia] acreditava que, se não pagasse os trabalhos que tinha encomendado [com Suyany], ia acontecer algo de ruim para ela. Mas há depoimentos e até fotografias que indicam que elas eram amigas de longa data. (...) O interessante é que nenhuma testemunha diz que sabia dessa amizade.

Na sequência, o delegado completa: "O Leandro, que era mais próximo da Suyany, descreve algumas situações 'estranhas' entre a namorada e a Julia. Ele diz que ouvia conversas relacionadas a remédios e ao empresário entre as duas, mas que, segundo ele, nunca entendeu do que se tratava".

Ainda sobre a relação das investigadas, Buss diz que Suyany confirmou que Júlia devia a ela uma quantia de R$ 600 mil, o que justificaria a entrega do carro do empresário como uma parte do pagamento das dívidas.

Julia estaria com medo de dormir sozinha

Sem entrar em detalhes, o delegado contou ainda que Suyany alegou que Júlia, que é psicóloga, estava "com medo de dormir sozinha" após a morte do namorado, e teria pedido para Victor passar a noite com ela. Segundo Buss, o amigo teria aceitado.

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O episódio teria ocorrido no contexto do encontro que a psicóloga teve com o grupo de amigos em Cabo Frio para entregar o carro do empresário à Suyany. "Mas, segundo ele [Victor], não aconteceu nada, era só uma questão psicológica da Júlia, que ela estaria com medo de dormir sozinha no dia", disse.

O que se sabe sobre o caso

Júlia era procurada pela polícia por suspeita de envolvimento na morte do namorado, Luiz Marcelo Antônio Ormond, que foi encontrado morto dentro do seu apartamento no Rio de Janeiro, no dia 20 de maio. Vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento e acionaram a polícia.

A Polícia Civil investiga se Júlia colocou um medicamento à base de morfina no doce que teria causado a morte do companheiro. Ela teria comprado o remédio duas semanas antes do crime. A suspeita surgiu após depoimento de Suyany Breschak.

Câmeras de segurança registraram o momento em que Luiz e Júlia deixam a piscina e entram no elevador, no dia 17 de maio, última vez que o empresário foi visto publicamente. As imagens mostram que ele segura um prato. Ela, uma garrafa de cerveja. Em determinado momento, eles se beijam.

O corpo do empresário foi encontrado no sofá do apartamento, localizado no Engenho Novo, na zona norte do Rio. Conforme o laudo do Instituto Médico Legal, o homem morreu de três a seis dias antes de o corpo ser encontrado. A causa da morte ainda não foi revelada.

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Júlia teria permanecido no apartamento da vítima por dias, segundo o delegado Marcelo Buss. "Ela teria permanecido no apartamento da vítima com o cadáver por três ou quatro dias. Lá, teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado", disse ele. Para a polícia, o crime foi premeditado e teria interesse financeiro.

*Com reportagem publicada em 06/06/2024.

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