'Vivo um inferno', diz ex sobre acusada de ser mentora no caso brigadeirão
Maurício Businari
Colaboração para o UOL
10/06/2024 04h00
O ex-marido de Suyany Breschak, apontada pela polícia como a possível mandante do assassinato do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, no Rio, diz que ela o ameaçava desde que o casal se separou, em julho do ano passado.
'Estamos vivendo um inferno'
Suyany, que se apresenta como cigana, foi casada com o também cigano Orlando Ianoviche Neto durante 13 anos e com ele teve dois filhos. O casal se separou em julho do ano passado, e ela iniciou um relacionamento com um brasileiro. Ele casou-se novamente, com uma mulher da comunidade.
Em entrevista ao UOL, Orlando disse que Suyany nunca se conformou com a separação do casal. Ela teria começado a se relacionar com um gajé (palavra em romani para identificar os não ciganos) e acabou banida da comunidade cigana.
Orlando compartilhou com a reportagem mensagens de áudio e vídeo trocadas com a ex, em que ela faz ameaças e declarações perturbadoras. E expressou preocupação com a integridade das testemunhas, que estariam sendo ameaçadas pela família de Suyany, segundo ele. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Suyany para comentar as acusações do ex-marido.
Ela ameaçou minha atual esposa também. Estamos vivendo um inferno. A família dela é perigosíssima e agora estão ameaçando também pessoas que estão querendo dar o testemunho no caso do brigadeirão.
Orlando Ianoviche Neto
Na denúncia entregue à Delegacia de Polícia da 76ª Circunscrição da Comarca de Niterói, em setembro do ano passado, Orlando denunciou supostos crimes cometidos por Suyany, incluindo furto qualificado, falsificação de documentos e ameaças de morte. Ele pediu a prisão preventiva da ex-esposa.
Ele acusa a ex de furtar seu veículo, um Ranger, e falsificar documentos para transferi-lo para seu nome. Após o furto, Suyany teria estacionado o veículo próximo à sua residência no Condomínio dos Pássaros, em Cabo Frio, onde foi localizado e apreendido pela polícia. Procurada, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que, de acordo com a 76ª DP (Niterói), as investigações estão em andamento.
Guarda das crianças
Matar alguém é algo banal para um criminoso contumaz, como é Suyany.
Orlando Ianoviche
Orlando diz se sentir aliviado em saber que ela está presa e as crianças, com ele. "Desde setembro de 2023, a gente vem lutando para prendê-la e eu tirar meus filhos da mão dela. Quando a gente separa, é que conhece com quem a gente estava. Ela nunca se conformou com nossa separação e começou a fazer de tudo para eu voltar para ela."
Tentativa de sequestro
Essa não é a primeira vez que Orlando é envolvido em confusões relacionadas a Suyany. Em 2022, o casal havia rompido o relacionamento, e Orlando e a então companheira, Jéssica, foram vítimas de um sequestro em Uberlândia, supostamente orquestrado pela ex. Durante uma parada em um posto de gasolina, Orlando foi abordado por um homem armado, que exigiu suas joias e pertences, levando-o à força para uma caminhonete, enquanto Jéssica foi colocada em outro veículo.
O casal registrou um boletim de ocorrência, denunciando que Suyany estaria por trás do esquema. O caso do sequestro foi registrado pela delegacia de Uberlândia. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, a mulher figura como suspeita de ter sido a mandante do crime em um inquérito sobre o sequestro. "Com a localização da suspeita, agora, a repartição policial irá encaminhar carta precatória para ouvi-la no inquérito policial."
O caso do brigadeirão
Suyany foi presa no dia 29 de maio em Cabo Frio (RJ) por suspeita de ajudar a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta a vender bens do empresário morto, Luiz Marcelo Antônio Ormond. A polícia apura se ele foi morto com um brigadeirão envenenado por Júlia e se Suyany teria sido mentora da trama mortal.
Segundo a polícia, Suyany se apossou de um veículo do empresário morto, como parte do pagamento de R$ 600 mil que Júlia devia a Suyany, por serviços espirituais prestados. Em depoimento à polícia, Suyany relatou que recebeu o carro da vítima para abater parte da dívida. Ela também deu detalhes sobre a forma como a psicóloga usou o medicamento para envenenar o brigadeirão. A defesa de Suyany negou envolvimento no crime.