Peeling de fenol: quem é a influencer dona de clínica em que jovem morreu

Na época, ele morava na cidade de Ourinhos, no interior de São Paulo, mas hoje já trabalhava na capital paulista, com filiais em Goiânia e Rio de Janeiro.

Fora o registro da empresa, não existem muitas informações sobre quem era Natalia, como ela começou no mercado da beleza e nem quais cursos fez para virar esteticista. Mas, em seu site, ela diz que é premiada especialista em melasma pela BandNews.

Ela não tinha habilitação para realizar o procedimento feito em Henrique, segundo o delegado Eduardo Luis Ferreira, à frente da investigação.

Desde a tragédia, na segunda (3), todas as redes sociais da influenciadora e de sua clínica saíram do ar, assim como seu site. A única página que permanece ativa é o Facebook, em que ela costumava postar os antes e depois de seus clientes.

Sua fama veio, na verdade, de um protocolo contra melasma que teria sido criado por ela. O protocolo "Mellan- Peel" era apresentado como um "peeling exclusivo desenvolvido pela Natália Becker" com "ativos despigmentantes". Ele também incluía a limpeza de pele profunda com extração e um retorno à clínica para "mais uma reposição de colágeno."

Apesar de não ser carro-chefe da profissional, o peeling de fenol também era destaque entre as postagens — em uma versão "melhorada pela Natália Becker". "É o único que trata a flacidez e promove a retração da pele. No qual um agente químico chamado de fenol é aplicado na pele para tratar rugas profundas, manchas e cicatrizes. (...) Entre em contato e agende uma avaliação para saber se é indicado para você", recomenda uma das postagens.

Apesar de a postagem falar em avaliação, familiares de Henrique afirmam que ele não passou por acompanhamento médico - um protocolo que, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é obrigatório.

Quem pode fazer o procedimento?

Somente médicos especializados podem realizar o procedimento de peeling de fenol, segundo a médica Elisette Crocco, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, à TV Globo.

Ao UOL, a SBD não comentou sobre a conduta de esteticistas que vendem o procedimento.

Mas destacou que ele pode ser feito apenas em ambiente hospitalar, com o paciente sob anestesia e monitoramento cardíaco. Isso porque o procedimento faz uso de um composto tóxico absorvido pela pele, que penetra também na corrente sanguínea, o que pode causar complicações que vão de cicatrizes a infecções e problemas cardíacos.

UOL tenta contato com a Associação Nacional de Esteticistas e Cosmetólogos (Anesco), para saber qual o posicionamento da entidade sobre o trabalho de Natália.

A reportagem também procurou o Conselho Federal de Odontologia (CFO) para saber se a entidade tem conhecimento de dentistas que fazem o peeling. Se houver resposta, a matéria será atualizada.