'Foi covarde', diz filho de idoso que morreu após levar 'voadora' em SP
Maurício Businari
Colaboração para o UOL
11/06/2024 16h00
A família de Cesar Fine Torresi ainda tenta lidar com o choque que foi a morte do idoso, de 77 anos, no sábado (8), após levar uma "voadora" de um motorista enquanto atravessava a rua com o neto, de 11 anos, em Santos, no litoral de São Paulo.
O que aconteceu
Natural do ABC, Torresi foi agredido por um motorista identificado como Tiago Gomes de Souza, 39, após quase ter sido atropelado pelo Jeep Commander que ele dirigia, em uma rua no bairro da Aparecida. O incidente ocorreu enquanto a vítima atravessava a rua com seu neto de 11 anos, aproveitando que o trânsito estava parado e o semáforo fechado.
Segundo relatos no boletim de ocorrência, um Jeep Commander se aproximou em alta velocidade, freando bruscamente. Para não cair, o idoso teria se apoiado no capô do carro. Souza teria então descido do veículo e desferido uma "voadora" (um chute com os dois pés) no peito do idoso, que caiu desacordado.
O agressor foi detido e teve prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele passou por audiência de custódia no domingo, informou o Tribunal de Justiça de São Paulo. O UOL não conseguiu localizar a defesa do motorista. O espaço permanece em aberto para manifestações.
Torresi era aposentado. Separado da esposa há muitas décadas, ele vivia em uma casinha simples, em Santo André, com dois irmãos, também idosos. Ele tinha três filhos e seis netos.
O idoso trabalhou a vida toda como vendedor de impressos gráficos. Convites e calendários eram sua especialidade, como contou ao UOL o filho mais velho, que carrega o nome do pai. Cesar Fine Torresi Filho, que é comerciante em Diadema, classificou sua morte como uma "atrocidade" que deve ser punida com o rigor da lei.
Meu pai era um homem bom, querido por todos. Conhecido no bairro onde morava. Minha tia e meu tio, que moravam com ele, estão arrasados. Eles moravam há muito tempo juntos, cada um tinha sua tarefa na casa e viviam felizes. Ele não merecia morrer dessa maneira.
Cesar Fine Torresi FIlho
Idoso estava passeando
Torresi estava a passeio em Santos, ele veio passar uns dias com o filho mais novo, que mora na cidade, e os dois netos. No sábado, decidiu sair com um deles para uma caminhada. Segundo o relato da criança, havia muitos carros parados na Rua Pirajá da Silva no momento em que eles caminhavam, havia um congestionamento.
Foi por isso que meu pai achou que não haveria problema em caminhar entre os carros com meu sobrinho. Daí veio esse sujeito e quase atropelou meu pai. Depois ele desceu e voou para cima dele, derrubando-o. Meu pai é um idoso e, apesar de sempre ter tido boa saúde e vigor, não aguentou o impacto e caiu no chão. Foi quando ele bateu a cabeça e teve traumatismo craniano. No hospital, sofreu quatro paradas cardíacas e acabou morrendo.
Cesar Fine Torresi Filho
O comerciante diz que, após a tragédia, o sobrinho, que presenciou a violência, aparentemente parece bem. A família, porém, vem acompanhando de perto e observando o menino, dedicando tempo e carinho, para a criança conseguir superar sem trauma ou choque.
Torresi Filho afirma que não gostaria nunca de se encontrar cara a cara com o agressor. Evangélico, ele diz que não sabe se estaria pronto para perdoar Tiago. Ele afirma que a família toda espera que a Justiça se encarregue de puni-lo. A prisão preventiva, mantida pela polícia, foi recebida como uma esperança de justiça para os familiares.
O velório do aposentado foi realizado na manhã de ontem, no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, no bairro Parque das Nações, em Santo André.
Não existem palavras para descrever tamanha brutalidade. Esse monstro não pode estar entre nós, na sociedade, andando pelas ruas com outras pessoas. Ver meu pai, um homem cheio de vida, no caixão da forma que ele ficou, naquele estado, imóvel, foi muito difícil para todos nós. Foi um ato covarde, com um motivo fútil, lamentável.
Cesar Fine Torresi Filho