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Caso Cobasi: Gerente orientou vendedores a não agirem antes da enchente

Fachada de loja da Cobasi no Shopping Praia de Belas em Porto Alegre tirada em julho de 2018 Imagem: Reprodução/Foto via Google Maps

Do UOL, em São Paulo

12/06/2024 10h42Atualizada em 12/06/2024 11h21

Uma gerente da Cobasi orientou que funcionários não agissem para retirar os animais das lojas durante as chuvas que atingiram Porto Alegre, segundo investigação da polícia. Em nota, a Cobasi disse que a equipe foi surpreendida pelas enchentes.

O que aconteceu

Polícia diz que gerente regional da Cobasi impediu que funcionários salvassem animais antes da água invadir a loja. "Temos vídeos da gerente saindo do shopping às 20h. Ela olha para o estacionamento e vê a água subindo, mas fecha a loja", afirmou a delegada Samieh Saleh.

Delegada diz que alegação de que não se sabia sobre risco de inundações "não cabe". "A gerente regional estava aqui no início das enchentes e presenciou o nível da água, a situação em Porto Alegre, inclusive teve dificuldades para voltar para São Paulo", afirmou Samieh. "Todo mundo tinha conhecimento de que ia alagar".

175 animais que estavam à venda morreram em loja subsolo de um shopping de Porto Alegre. Todos estavam em gaiolas ou aquários e não tiveram chance de fugir. A polícia encontrou apenas 38 corpos de peixeis, roedores e aves.

Um pássaro e vários peixes também morreram em uma loja da Cobasi na Avenida Ipiranga. A água não atingiu os animais, que estavam no segundo andar, mas eles estavam em condições insalubres, diz a polícia. "Eles estavam sem luz, um odor absurdo, que fizeram com que esses animais viessem a óbito. Vídeos de voluntários mostram peixes buscando oxigênio fora do aquário porque as bombas não estavam ligadas".

Sete funcionários foram indiciados por maus-tratos, previsto na Lei de Crimes Ambientais. A matriz da Cobasi, que fica em São Paulo, e uma filial também foram indiciadas. A pena pode ser de três meses a um ano de prisão e multa.

O advogado da Cobasi, Paulo da Cunha Bueno, diz que a empresa vê com "indignação" a possibilidade da polícia indiciar seus funcionários. Ele diz que a equipe foi surpreendida pelas chuvas, "um evento da natureza de proporções imponderáveis, estado de coisas que, por si só, já tornaria incogitável que a causa da morte dos animais da loja possa ser distorcida para uma acusação de crime doloso que demandaria, inclusive, requintes de crueldade em sua configuração".

A defesa também diz que a administração do shopping Praia de Belas proibiu a entrada de seus funcionários na loja inundada "ao mesmo tempo em que emitia repetidos comunicados aos lojistas, informando-os que a situação encontrava-se administrada".

Corpos dos animais retirados da loja Imagem: Reprodução/Polícia Civil

Cobasi guardou PCs no mezanino

Os computadores do petshop Cobasi, em Porto Alegre, foram guardados no mezanino para evitar que a água os atingisse, enquanto os animais foram deixados no subsolo. A informação foi dada pela delegada Samieh Saleh, em entrevista ao UOL no mês passado.

O mezanino não foi atingido pela enchente. "Identificamos que os computadores, CPUs que estavam nos caixas no subsolo foram retirados e colocados no mezanino. Eles tiveram esse cuidado em retirar os eletrônicos, mas os animais ficaram embaixo", disse Samieh.

Cobasi se posiciona

Por meio de nota, a Cobasi reforçou que a loja teve que ser evacuada de forma emergencial. Segundo o comunicado, tudo foi colocado acima de um metro de altura do salão no dia 3. Porém, a água na noite do dia 4 e na madrugada do dia 5 chegou aos 3,5 metros de altura, ultrapassando a barreira de sacos de areia colocada na porta da unidade.

A empresa ainda diz que quatro CPUs foram levadas ao andar superior porque estavam a 20 centímetros do chão. "Porém todos os outros equipamentos relacionados aos checkouts permaneceram em suas posições originais (acima de 1 metro de altura) tais como: monitores, teclados, impressoras de cupom fiscal, teclados pin pad (para cartões de crédito/débito) e leitores de código de barras dos produtos". Os equipamentos não removidos foram danificados, afirma a loja.

A gerência da unidade entendeu que não havia risco de inundação porque a água estava estabilizada às 18h30 do dia 4, segundo relato de um funcionário do shopping, diz o comunicado. "Todo este relato acima será confirmado e provado nos autos".

A Cobasi lamentou a morte dos animais e ressaltou que não havia cães ou gatos no local. "A Cobasi lamenta profundamente o ocorrido. A empresa ressalta ainda que está colaborando com as investigações realizadas pelas autoridades e que irá comprovar todas as informações relatadas acima nos autos".

O Shopping Praia de Belas, onde a loja está localizada, disse que comunicou a Cobasi em relação ao risco de "alagamento severo". O shopping ainda afirma que ofereceu toda assistência necessária para acesso ao local.

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