Acusado de atropelar ciclista em SP diz estar com dengue, e júri é suspenso
Colaboração para o UOL, em São Paulo
19/06/2024 19h03
O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu o julgamento do motorista preso acusado por atropelar e matar a ciclista Marina Kohler Harkot, em 8 de novembro de 2020.
O que aconteceu
Julgamento foi suspenso a pedido da defesa de José Maria da Costa Júnior sob a alegação de que ele está com dengue. O júri popular estava previsto para ter início nesta quinta-feira (20) no Fórum Criminal da Barra Funda, mas foi adiado.
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Réu está "impossibilitado de comparecer por questões de saúde". Essa foi a justificativa da juíza Marcela Raia de Sant'Anna, da 5º Vara do Júri, ao cancelar o julgamento. Caberá à magistrada escolher uma nova data para o júri, que ainda será anunciada.
Ciente da impossibilidade de comparecimento do réu por questões de saúde, retire-se o feito de pauta. Não havendo tempo hábil para comunicar as testemunhas e jurados, aguarde-se a data de amanhã para deliberação e designação de nova data, intimando-se as testemunhas que se fizerem presentes.
juíza Marcela Raia de Sant'Anna
José Maria responde ao crime em liberdade. Segundo a defesa do empresário, ele deve permanecer em repouso por cerca de uma semana a partir do diagnóstico de dengue, ocorrido na terça-feira (18).
Réu não apresentou exame que comprova dengue, diz o Ministério Público de São Paulo. "É importante salientar que o Júri foi adiado pelo fato de o réu ter afirmado que está com dengue, mesmo sem exame comprobatório do diagnóstico (quanto à isso, a Promotoria oficiou a Santa Casa de Misericórdia de Socorro para confirmar as informações, sob pena de responsabilização criminal do réu pelo crime de fraude processual)", diz nota enviada pelo MP-SP.
O UOL não conseguiu contato com os advogados que representam os pais de Marina. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
José Maria da Costa Júnior foi denunciado por atropelar e matar a ciclista e socióloga Marina Kohler Harkot. A vítima tinha 28 anos na época do ocorrido, em 8 de novembro de 2020.
Na ocasião, o empresário fugiu sem prestar socorro à vítima. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, ele estava sob influência de álcool no momento do acidente. Em entrevista ao Fantástico na época do ocorrido, o réu admitiu que tinha ido a um bar naquele dia, mas negou que tivesse bebido.
MPSP alega que empresário, além de estar alcoolizado, dirigia em alta velocidade. Para a defesa do réu, a investigação não conseguiu comprovar que José Maria tenha bebido naquele dia ou que tenha dirigido em velocidade acima do permitido.
Cicloativista havia pelo menos oito anos, Marina era cientista social pela USP (Universidade de São Paulo), ativista feminista e pesquisadora de mobilidade urbana. Em 2018, concluiu um mestrado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) com a dissertação de título "A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo".
Marina era pesquisadora colaboradora do LabCidade (Laboratórios do Espaço Público e Direito à Cidade), ligado à FAU. Ela tinha em curso uma pesquisa de doutorado, também pela FAU, em que estudava a segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade.