Suspeito de matar ciclista em SP se entrega à polícia 48 h após o crime
O microempresário José Maria da Costa Júnior, 33, principal suspeito de ter matado a ciclista Marina Kohler Harkot, 28, na madrugada de domingo (8), em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, se entregou na tarde de hoje à polícia, na delegacia do mesmo bairro, acompanhado de advogados. Depois de ser ouvido por três horas, ele foi liberado.
A prisão preventiva havia sido pedida pela Polícia Civil no fim da manhã, mas há um entrave jurídico: como estamos em semana eleitoral, em tese, prisões só podem ser feitas em flagrante.
Nenhum eleitor pode ser preso ou detido de hoje até 48 horas após o término da votação do primeiro turno, no próximo domingo (15). Ou seja, caso o microempresário tivesse se entregado logo após ter atropelado a ciclista ou ontem, poderia estar detido agora.
Hoje ele chegou ao 14º DP (Distrito Policial), por volta das 15h30, acompanhado de quatro pessoas. Não se sabe quantas delas eram advogadas ou familiares.
Para a Polícia Civil, o suspeito assumiu o risco de matar a ciclista ao não prestar socorro. Marina não resistiu aos ferimentos após ser atingida na avenida Paulo VI, na altura da rua João Moura. Uma policial militar que estava de folga repassou à polícia os dados do carro: um Hyndai Tucson prata com a placa da cidade de Inconfidentes (MG).
Uma das hipóteses aventadas pela Polícia Civil é de que ele estava bêbado no momento da colisão. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito. Se enviado, seu posicionamento será incluído nesta reportagem.
Além do microempresário, a Polícia Civil também procura uma mulher que foi vista junto com o motorista na noite de domingo. Para a polícia, ela pode dar informações sobre o estado de embriaguez do motorista e sobre o ele fez após o crime.
Localização do suspeito
A Polícia Civil conseguiu localizar o carro e o endereço do dono do automóvel. O suspeito saiu às pressas de sua residência após o caso.
De acordo com o 14º DP (Distrito Policial), de Pinheiros, o veículo foi localizado no fim da noite de ontem próximo ao apartamento em que o dono do automóvel mora, na rua Cesário Mota Júnior, na Vila Buarque, na região da universidade Mackenzie, centro da cidade.
Os agentes encontraram um Hyundai Tucson, com as mesmas características do veículo que era conduzido pelo motorista que atropelou a jovem, parado em um estacionamento, afirma relatório dos policiais da Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas), da 3ª Delegacia Seccional, a que a reportagem teve acesso.
O carro estava estacionado com a frente avariada virada para uma parede, na tentativa, afirmam os policiais civis, de esconder as partes que foram quebradas no atropelamento. O vidro dianteiro do carro está trincado na lateral do lado direito.
De posse de informações sobre o dono do veículo, cedidas pelos responsáveis pelo estacionamento, os policiais foram até o prédio onde o suspeito mora e obtiveram autorização do porteiro para subir.
Ao chegarem ao apartamento do rapaz, a porta de entrada estava entreaberta e com sinais aparentes de arrombamento. "Os móveis e itens estavam bagunçados e com sinais de abandono repentino", relataram os policiais. Na mesa da sala, segundo a polícia, havia uma sacola plástica com maconha, que foi apreendida e apresentada no Distrito Policial.
A SSP afirmou na manhã de hoje, por meio de nota, que o veículo foi periciado e as imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas.
Cicloativista
Cicloativista havia pelo menos oito anos, Marina era cientista social pela USP (Universidade de São Paulo), ativista feminista e pesquisadora de mobilidade urbana. Em 2018, concluiu um mestrado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) com a dissertação de título "A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo".
Marina era pesquisadora colaboradora do LabCidade (Laboratórios do Espaço Público e Direito à Cidade), ligado à FAU. Ela tinha em curso uma pesquisa de doutorado, também pela FAU, em que estudava a segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade.
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