OPINIÃO
Análise: Jogo do Tigrinho é parte da migração do crime para o mundo virtual
Colaboração para o UOL, em São Paulo
24/06/2024 13h31
Os casos de fraude envolvendo o Jogo do Tigrinho são mais uma dimensão da migração do crime para o mundo virtual, afirmou o professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani em entrevista ao UOL News nesta segunda (24).
O UOL revelou hoje que uma mulher —beneficiária do Bolsa Família—, que supostamente havia ganhado R$ 94,9 mil apostando no jogo em uma plataforma internacional, teve a conta bloqueada ao tentar sacar o prêmio.
A gente vê uma migração do crime para o meio virtual. O estelionato sempre aconteceu. (...) O que a gente está falando aí é quase como se fosse um golpe do bilhete premiado. (...) Até hoje tem gente que cai no golpe do bilhete premiado. Por quê? Porque no estelionato, na verdade, há duas pessoas tentando ter vantagem. Oferecem uma vantagem pra vítima, que parece ser uma vantagem incrível e ela acha que vai conseguir, e tem um criminoso que se aproveita dela.
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No caso específico que estamos falando, é muito mais dramático. Nós estamos falando de uma pessoa que vive com Bolsa Família. E que é claro que quando você vem com uma possibilidade de ter ganhos, uma pessoa que tá numa situação muito delicada economicamente, os olhos vão brilhar, mas você tem que tomar muito cuidado porque esse Jogo do Tigrinho é só mais uma dimensão, digamos assim, dessa migração dos crimes para o mundo virtual.
Alcadipani ressaltou que os meios digitais vêm transformadno o mundo do crime e que esta não é uma realidade apenas no Brasil.
Os meios virtuais estão facilitando muito o crime. Isso não é uma coisa só no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, vários idosos estão sofrendo golpes feitos por cartéis mexicanos que usam o meio virtual para fazer estelionato contra pessoas de idade.
O que a gente vê é o meio digital transformando o mundo do crime. Até eu escutei uma vez um comentário de um policial que eu achei bastante pertinente, é que uma pessoa que usa uma arma para cometer um crime, daqui não mais do que dez anos, vai ser visto como a alguém da idade da pedra, porque quando você faz esse tipo de golpe de estelionato virtual, você pode ganhar muito mais dinheiro do que você estourar, por exemplo, um caixa eletrônico. Rafael Alcadipani, professor da FGV.
Tales: Protestos indicam desconfiança de que Lira dê golpe em PL do aborto
Os novos protestos contra o PL do aborto registrados neste fim de semana revelam a desconfiança da sociedade brasileira com Arthur Lira e o temor de que o presidente da Câmara tentará aplicar um golpe ao adiar o projeto para o segundo semestre, afirmou o colunista Tales Faria.
Na semana passada, eu disse que Lira havia prestado um grande serviço ao país por ter feito os progressistas voltarem às ruas e protestarem, especialmente as mulheres. Outro grande serviço que está sendo notado agora é que as pessoas desconfiam muito do Lira.
Lira recuou, mas as pessoas não acreditam mais nele, pois sabem que ele pode tentar um golpe, protelando para depois voltar com o projeto quando todos estiverem distraídos. Rapidamente, coloca para votar, como fez com a urgência. Pode fazer isso no final do ano; ele escolherá um momento no qual surpreenderá as pessoas e apresentará o projeto. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: Com ar lobista, 'Gilmarpalooza' não deveria ser tratado como algo natural
A ida de autoridades dos Três Poderes a Lisboa para participarem do Fórum Jurídico não deveria ser vista como algo corriqueiro, dada a natureza lobista do evento, afirmou o colunista Josias de Souza. O encontro também reúne empresários e é promovido pelo IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), que tem como sócio o ministro do STF (Supremo Tribuna Federal) Gilmar Mendes. O apelido "Gilmarpalloza" é uma alusão ao festival musical Lolapalooza.
O que mais interessa nesse seminário são as agendas paralelas, muito intensas. Há aí vários problemas, mas as pessoas que participam parecem não os enxergar. O primeiro é a curiosidade de um magistrado que é, ao mesmo tempo, empresário. Esse seminário tem uma aparência acadêmica, mas em torno dele realizam-se encontros de lobby e de empresários que têm outros interesses em Brasília, seja no Judiciário ou no Executivo.
A segunda coisa esquisita é que, em boa medida, as despesas desse encontro são financiadas pelo dinheiro público. Essa atmosfera lobista e negocial, que tem esse invólucro de atividade acadêmica, não deveria ser tratada como algo natural. É espantoso, e isso se repete todos os anos. Josias de Souza, colunista do UOL
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