Destruiu minha família e a dele, diz pai de jovem morto por policial penal
O pai de David Alexandre Castorino Moreira, jovem morto em uma loja de jogos de azar em Belo Horizonte, diz que tem dificuldade de entender a demora para a prisão do suspeito do crime, o policial penal William Lopes dos Santos.
O que aconteceu
"Se fosse ao contrário, já estaria preso". Em entrevista ao UOL, Glayson Moreira, 47, afirmou que gostaria de ver um empenho maior na busca por William. O policial foi gravado atirando em David, fugiu do local e não se apresentou ao trabalho após o crime. Ele teria ido até o trabalho do jovem para tirar satisfações após David chamar a filha dele de "baranga".
"Famílias destruídas por crime bárbaro". Glayson, que viu os vídeos do filho sendo baleado e as mensagens que ele teria trocado com a família do policial, afirmou que espera que ele pague pelo crime cometido.
O homem também questionou qual o treinamento que o estado deu ao policial penal. O pai de David afirmou que a atitude do suspeito manchou a imagem da instituição, que, para ele, "tem 99% de bons policiais". "Não quero generalizar, mas fica a pergunta: Como está a saúde mental dos agentes?".
PM chegou a ir até casa do policial após o crime, mas esposa informou que ele não se entregaria. A informação consta no registro de ocorrência da Polícia Militar ao qual o UOL teve acesso nesta terça-feira (2). Mesmo questionada, a Polícia Civil não informou ao UOL se ele é considerado foragido.
O UOL tentou contato com William por um número que não atende nem recebe mensagens. Os advogados dele não foram encontrados até o momento. Este texto será atualizado se houver posicionamento do suspeito sobre o assunto.
Sei que não vai trazer o meu filho de volta, mas ele tem que pagar pelo crime bárbaro que ele fez comigo, com a nossa família. Ele destruiu a minha família, mas a família dele também ficou destruída.
Glayson Moreira da Silva, pai de David, ao UOL
Relembre o caso
Câmeras de segurança gravaram momento em que David é baleado. Nas imagens, é possível ver que o policial penal, identificado como William Lopes dos Santos, confronta o jovem.
Ele levou coronhadas e reagiu às agressões antes de ser baleado. William fugiu do local após atirar em David, mostram as imagens de câmera de segurança.
Mensagens enviadas à filha do policial penal teriam motivado crime. À polícia, familiares de David contaram que o jovem teria enviado mensagens à filha do suspeito chamando-a para sair após uma briga com a namorada dele.
Após a garota recusar o convite para sair, David teria a chamado de "baranga". A mãe da menina interveio e também foi insultada pelo jovem, que a mandou "preparar um jantar". Os xingamentos teriam ocorrido pela internet, segundo registro policial.
Policial penal não se apresentou para cumprir escala de trabalho após o crime. Em nota, a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MG) confirmou o envolvimento de William com o homicídio e disse que ele não compareceu ao trabalho na Penitenciária Nelson Hungria, no município de Contagem, onde está lotado.
Posicionamento da Sejusp. A secretaria também afirmou que "A Polícia Civil está à frente das investigações criminais que indicarão a autoria e circunstâncias do fato registrado".