Executivo agride esposa na frente da filha de 3 anos em SP; vídeo
Um vídeo obtido pelo UOL mostra um executivo do mercado imobiliário esganando e agredindo a esposa na frente da filha de 3 anos no Campo Belo, na zona sul de São Paulo. O caso é investigado pela Polícia Civil. A defesa do homem apontou que as "investigações estão em fase inicial".
O que aconteceu
Câmera interna da residência do casal flagrou homem discutindo com a mulher na frente da filha. O registro obtido pelo UOL, feito em 24 de junho, mostra o executivo Erwin Goering Junior, 52, e a esposa, uma médica de 47 anos, discutindo na cozinha de casa. Ele aponta para uma suposta marca no corpo dele e a mulher diz que se defendeu. "Você vai ver quando levantar o dedo para mim de novo. Você vai tomar uma porrad* na cara", afirma Erwin, acrescentando que a mulher é "suja e imunda". Eles são casados há 17 anos.
"Fala direito comigo se não você vai tomar uma porrad* no meio da sua cara, já te avisei", diz o homem, com dedo levantado. A médica grita algo e o marido a esgana, derrubando a mulher no chão enquanto a menina se aproxima. A médica pediu para ele parar com a agressão.
Após mulher levantar do chão, o executivo a esgana novamente. A criança continua olhando a cena. Erwin segue discutindo e ofendendo a mulher, que responde. Ele continua fazendo ameaças à esposa.
Na ocasião, a vítima registrou um boletim de ocorrência. Porém, ela não pediu medida protetiva "por medo dos filhos a rejeitarem" visto que ela alega que o companheiro manipula os filhos do casal, dois adolescentes e a menina de 3 anos.
No dia 29 do mesmo mês, a mulher disse à polícia que voltou a ser ameaçada, xingada e humilhada por Erwin. Em depoimento obtido pelo UOL, a médica falou às autoridades que foi expulsa de casa com a mãe, de 76 anos. A médica solicitou medida protetiva no dia 30 de julho e falou à polícia que sofre há anos com violência verbal, abuso psicológico e alienação parental por parte do marido.
Medida protetiva e investigação
Justiça concedeu medida protetiva à médica. A decisão, de 1º de julho, determinou que Erwin se afastasse da casa ou da convivência da vítima, incluindo a recondução dela para a residência. Ele foi proibido de ficar a menos de 300 metros de distância da companheira e da mãe dela e de manter contato com ambas de qualquer forma. A juíza Ana Paula Gomes Galvão Vieira permitiu que o homem visite os filhos desde que não descumpra nenhuma das medidas.
O caso é investigado pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher - Sul. A SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo informou que a autoridade policial expediu uma intimação para a oitiva de Erwin e analisa vídeos do caso para esclarecer os fatos.
Procurado pelo UOL, o TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) afirmou que o processo tramita sob segredo de Justiça. "Portanto, as informações e documentos nos autos são de acesso restrito às partes e advogados."
O advogado Reinalds Klemps, representante da médica, disse que espera que executivo seja julgado. O defensor defende a condenação de "forma rápida e exemplar" nos termos da lei.
Defesa de executivo diz que investigações estão em fase inicial
Erwin ainda será ouvido pela polícia, segundo os advogados dele. Ao UOL, os defensores Douglas Lima Goulart e Rinaldo Pignatari Lagonegro Júnior afirmaram que há um procedimento criminal na qual a médica é investigada por suspeita de cometer agressões contra o executivo em uma viagem em fevereiro de 2024. O registro desta ocorrência, porém, foi realizado pelo homem em 8 de agosto.
Uma das imagens adicionadas ao inquérito mostra as costas do executivo com uma marca de arranhão que teria sido provocada pela esposa.
Por fim, os procedimentos se encontram em segredo de Justiça, e a discussão dos fatos fora do âmbito Judiciário tende, inclusive, a prejudicar o bom andamento das investigações.
Defesa de Erwin ao UOL
Questionado pela reportagem, o advogado da médica afirmou que agressores sempre relatam uma agressão antecedente para justificar o "injustificável". "Nossa cliente nega qualquer tipo de agressão e diferente do agressor, temos fotos e vídeos que relatam de forma clara a covardia do seu marido contra ela. Nada irá justificar a agressão contra uma mulher. No vídeo, a médica é agredida covardemente sem qualquer reação", concluiu Klemps.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.