Polícia: Empresário conheceu menina em app e enterrou corpo 'por desespero'
Colaboração para o UOL, em São Paulo
29/08/2024 10h41Atualizada em 29/08/2024 16h50
O empresário investigado pela morte da adolescente Giovana Pereira, disse ter conhecido a jovem por meio de um aplicativo de relacionamento.
O que aconteceu
Gleison Luís Menegildo, 45, contou que ele e Giovana se conheceram há 15 meses, por meio de uma plataforma online. Na época, o empresário e a menina, de 16 anos, marcaram um encontro presencial, saíram juntos e continuaram mantendo contato, até que ela teria pedido um emprego a ele, segundo o delegado do caso, Ericson Salles, disse em entrevista à TV TEM.
Empresário pediu que a jovem levasse o currículo para ele "analisar". Conforme o delegado, foi nessa ocasião que Gleison voltou a encontrar Giovana, na sede da empresa dele, localizada em São José do Rio Preto, e também quando ela teria morrido.
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Suspeito alegou que adolescente fez uso de drogas. Gleison também teria dito aos policiais que, após conversarem sobre a possibilidade de contratação, saiu para comprar bebidas e, ao retornar, teria visto a jovem "aos beijos e abraços" com outro funcionário da empresa. Posteriormente, a menina teria passado mal, ele tentou reanimá-la, mas não conseguiu.
Ele [Gleison] disse que ela chegou, eles conversaram e, em um dado momento, ela usou um cigarro de maconha. Após isso, ele teria saído para buscar uma cerveja e, quando retornou, viu um funcionário em beijos e abraços com ela. Em um dado momento, esse funcionário disse que viu ela passando mal após usar cocaína que estaria na mesa, em um recipiente de remédio. Após isso, ele [Gleison] disse que tentou fazer os primeiros socorros e, como estava em desespero, ele acabou colocando ela na caminhonete e vindo para os outros locais.
Ericson Salles, delegado da PCSP, em entrevista à TV TEM
Empresário disse ter enterrado Giovana em seu próprio sítio após um "ato de desespero". Gleison ainda teria dito à polícia que chegou a pensar em jogar o corpo dela em um rio.
"O empresário disse que, em um primeiro momento, em um ato de desespero, ele teria colocado o corpo dela na caminhonete e ido até o distrito de Macaúba, em Mirassolândia (SP). Ele ia colocar o corpo em um rio que existe na região, mas resolveu depois vir até Nova Granada, na propriedade rural dele, que é arrendada há dois anos", explicou o delegado.
Gleison teve a ajuda do caseiro do sítio para enterrar o corpo da adolescente, mas ele nega que a tenha matado. Giovana estava desaparecida desde dezembro de 2023 e o seu cadáver foi encontrado pela polícia na terça-feira (27), enterrado em uma vala na propriedade do empresário.
Mãe flagrou troca de mensagens
Troca de mensagens ocorreu em maio de 2023. Patrícia Alessandra Pereira contou ao UOL que mexeu no celular da filha e viu o conteúdo da conversa com Gleison. Segundo a mãe, na ocasião, Giovana admitiu que havia se relacionado com o empresário.
Mãe lembra que advertiu a filha devido à diferença de idade entre eles. "Ela disse que se relacionava com ele, que os dois tiveram uma relação e que ele ofereceu ajuda financeira para ela. Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele", explicou Patrícia.
Último contato de Giovana com a mãe foi no dia 20 de dezembro de 2023, um dia antes de desaparecer. "Conversei normalmente com ela no dia 20 de dezembro, mas no dia 21 ela não me mandou mensagem. Achei estranho porque a gente conversava muito. No dia 22, ela continuava sem me atender, e o seu celular já não recebia mensagens", contou a mãe.
Patrícia detalhou que procurou a polícia no dia 23 de dezembro. Ela acrescentou que também começou a procurar pela filha por contra própria. "Fiz contato com o Brasil inteiro, falei com todos os amigos, fiquei paranoica procurando a localização dela nas redes sociais", relatou.
A mãe teme que influência do empresário na região possa comprometer as investigações. "A lei não é para todos?. Vou continuar acompanhando de perto os passos da polícia. Ele destruiu a minha família, matou todos os sonhos dela", finalizou Patrícia.
Caseiro diz que enterrou corpo a mando do patrão
Caseiro do sítio indicou onde a jovem estava enterrada e confessou à PM que ajudou a abrir cova. Conforme o boletim de ocorrência, Cleber Danilo Partezani explicou que no dia 21 de dezembro de 2023 o patrão teria aparecido no sítio e pedido que ele abrisse um buraco em determinado local da propriedade.
Empresário, segundo versão do caseiro, pediu segredo e admitiu que iria enterrar um corpo humano. O patrão, porém, não teria informado se seria uma mulher ou homem, e teria retornado à propriedade em outros momentos para praticar tiro.
Polícia encontrou pertences da vítima junto ao cadáver. Anel, pulseira, uma sacola plástica com o celular, mochila com peças de roupas e maquiagens.
Foi solicitada perícia ao local e exames no Instituto Médico Legal. O caso foi registrado como morte suspeita, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo de uso permitido na Delegacia de Nova Granada.
O que diz a defesa dos suspeitos
Defesa dos suspeitos nega que eles tenham assassinado a jovem. O advogado Carlos Sereno afirmou que vítima morreu em decorrência do consumo exagerado de drogas durante uma festa de confraternização da empresa de Gleison Luís Menegildo, no final do ano passado. "Na festa, outros funcionários beijaram a adolescente", disse o defensor, que negou que clientes tiveram relações sexuais com a adolescente.
Carlos Sereno informou que o "laudo necroscópico irá confirmar que ela morreu de overdose". "Infelizmente, na hora do desespero, acabaram fazendo essa besteira", detalhou o advogado sobre a ocultação do cadáver.
Sobre o suposto relacionamento de Gleison com a adolescente, o advogado informou que eles teriam se conhecido pelo Tinder. Segundo Carlos Sereno, eles tiveram apenas um encontro. Giovana teria recebido um valor, não informado, via Pix.
Empresário pagou R$ 15 mil de fiança. O caseiro pagou cinco salários mínimos para ser liberado. Segundo advogado, eles vão responder em liberdade.
Uma arma que estava na propriedade foi aprendida, um revólver sem registro. Uma segunda arma foi encontrada com o empresário, mas não ficou apreendida porque, segundo a polícia, ele é CAC (Colecionador, Atirador e Caçador). A investigação segue para determinar as circunstâncias exatas da morte da adolescente.