Conteúdo publicado há 3 meses

Mãe de jovem morta diz que viu troca de mensagem da filha com o suspeito

A mãe da adolescente de 16 anos, encontrada morta enterrada em um sítio, no município de Nova Granada, no interior de São Paulo, afirmou que encontrou troca de mensagens da filha com o empresário suspeito de envolvimento no crime.

O que aconteceu

Troca de mensagens ocorreu em maio de 2023. Patrícia Alessandra Pereira contou ao UOL que mexeu no celular da filha e viu o conteúdo da conversa. Segundo a mãe, na ocasião, Giovana Pereira Caetano de Almeida admitiu que havia se relacionado com o empresário Gleison Luís Menegildo, 45, dono do sítio onde o corpo dela foi encontrado.

Mãe lembra que advertiu a filha por causa da diferença de idade entre eles. "Ela disse que se relacionava com ele, que os dois tiveram uma relação e que ele ofereceu ajuda financeira para ela. Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele", explicou Patrícia.

Em outubro do ano passado, a adolescente saiu de casa. Segundo a mãe, na época, chegou a achar que ela estava desaparecida. Ela diz que registrou um boletim de ocorrência. Mas no dia seguinte, a filha explicou que estava morando com uma amiga. "A gente continuava se vendo, eu mandava dinheiro para ela, ela dormia algumas vezes aqui em casa, minha filha era a minha melhor amiga, era muito inteligente e doce, foram apenas alguns meses de desavenças", destacou.

Último contato de Giovana com a mãe foi no dia 20 de dezembro de 2023, um dia antes de desaparecer. "Conversei normalmente com ela no dia 20 de dezembro, mas no dia 21 ela não me mandou mensagem. Achei estranho porque a gente conversava muito. No dia 22, ela continuava sem me atender, e o seu celular já não recebia mensagens", contou a mãe.

Patrícia detalhou que procurou a polícia no dia 23 de dezembro. Ela acrescentou que também começou a procurar pela filha por contra própria. "Fiz contato com o Brasil inteiro, falei com todos os amigos, fiquei paranoica procurando a localização dela nas redes sociais", relatou.

Cadáver foi localizado em um sítio na terça-feira (27) após a Polícia Militar receber uma denúncia. Policiais precisaram do auxílio de um trator para recuperar o corpo, que estava em avançado estado de decomposição.

Empresário e caseiro, suspeitos de envolvimento no crime, foram presos em flagrante, mas liberados após pagamento de fiança. Gleison Luís Menegildo, 45, empresário e dono da propriedade rural, e o caseiro Cleber Danilo Partezani, 42, negam participação no homicídio.

"Passei os últimos oito meses procurando minha filha"

A mãe de Giovana diz que sabia que havia algo errado. "A minha filha jamais ficaria sem entrar em contato comigo e com os avós", avaliou. "O desaparecimento de um filho é você ir para o inferno, e a morte é você descer um pouco mais. Passei os últimos oito meses procurando minha filha todos os dias", lamentou.

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Patrícia diz que a filha foi convidada para ir a uma suposta festa de confraternização da empresa de Gleison. Ela diz que, no local, havia outros dois homens. "Três homens chamam uma menina de 16 anos para ir a uma empresa às 19h30. Eles drogaram a minha filha, falaram que ela passou mal, mas por que não chamaram o Samu? Qualquer cidadão faria isso", questionou.

Para ela, o crime foi arquitetado pelos envolvidos. "Demoraram oito meses para aparecer com uma denúncia anônima. Planejaram isso tudo de forma que todos os vestígios do que aconteceu com a minha filha desaparecessem", opinou. "Como vamos conseguir provar que houve estupro, estrangulamento? Demorou demais", opinou.

A mãe teme que influência do empresário na região possa comprometer as investigações. "A lei não é para todos?. Vou continuar acompanhando de perto os passos da polícia. Ele destruiu a minha família, matou todos os sonhos dela", finalizou Patrícia.

Caseiro diz que enterrou corpo a mando do patrão

Caseiro do sítio indicou onde a jovem estava enterrada e confessou à PM que ajudou a abrir cova. Conforme o boletim de ocorrência, Cleber Danilo Partezani explicou que no dia 21 de dezembro de 2023 o patrão teria aparecido no sítio e pedido que ele abrisse um buraco em determinado local da propriedade.

Empresário, segundo versão do caseiro, pediu segredo e admitiu que iria enterrar um corpo humano. O patrão, porém, não teria informado se seria uma mulher ou homem, e teria retornado à propriedade em outros momentos para praticar tiro. A polícia foi até o local de trabalho de Gleison e, em uma primeira versão, ele teria dito que a jovem foi até a empresa dele para uma entrevista de estágio, conforme mostrou reportagem da TV Globo. Em seguida, eles teriam consumido cocaína e, após a adolescente ficar sozinha, ela teria tido um mal súbito, ainda conforme depoimento do empresário.

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Polícia encontrou pertences da vítima junto ao cadáver. Anel, pulseira, uma sacola plástica com o celular, mochila com peças de roupas e maquiagens.

Foi solicitada perícia ao local e exames no Instituto Médico Legal. O caso foi registrado como morte suspeita, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo de uso permitido na Delegacia de Nova Granada.

O que diz a defesa dos suspeitos

Defesa dos suspeitos nega que eles tenham assassinado a jovem. O advogado Carlos Sereno afirmou que vítima morreu em decorrência do consumo exagerado de drogas durante uma festa de confraternização da empresa de Gleison Luís Menegildo, no final do ano passado. "Na festa, outros funcionários beijaram a adolescente", disse o defensor, que negou que clientes tiveram relações sexuais com a adolescente.

Carlos Sereno informou que o "laudo necroscópico irá confirmar que ela morreu de overdose". "Infelizmente, na hora do desespero, acabaram fazendo essa besteira", detalhou o advogado sobre a ocultação do cadáver.

Sobre o suposto relacionamento de Gleison com a adolescente, o advogado informou que eles teriam se conhecido pelo Tinder. Segundo Carlos Sereno, eles tiveram apenas um encontro. Giovana teria recebido um valor, não informado, via Pix.

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Empresário pagou R$ 15 mil de fiança. O caseiro pagou cinco salários mínimos para ser liberado. Segundo advogado, eles vão responder em liberdade.

Uma arma que estava na propriedade foi aprendida, um revólver sem registro. Uma segunda arma foi encontrada com o empresário, mas não ficou apreendida porque, segundo a polícia, ele é CAC (Colecionador, Atirador e Caçador). A investigação segue para determinar as circunstâncias exatas da morte da adolescente.

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