Máscaras existentes não foram desenhadas para poluição, diz pneumologista

As máscaras que existem hoje para compra e utilizadas durante a pandemia do coronavírus não foram desenhadas para proteção contra poluição atmosférica, e sim contra doenças infecciosas, afirmou o pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da USP André Nathan ao UOL News desta quinta (12). Por isso, a proteção oferecidas por elas ficaria limitada.

A gente tem vários tipos de poluição. Têm substâncias voláteis, enxofre, monóxido de carbono, que não vai adiantar nada usar máscara. A máscara é um filtro que vai pegar o material particulado, que é um outro tipo de poluição, que são as partículas pequenininhas que ficam em suspensão e que entram em contato com nosso sistema respiratório.

Não existe máscara ideal. Existe máscara para uma situação emergencial em caso de exposição extrema. Mas não dá para dizer que usar uma máscara em São Paulo neste momento agora vai proteger.

André Nathan, pneumologista

Ele destaca que outro problema da proteção oferecida pela máscara é que, em algum momento, o indivíduo precisará tirá-la.

Tirou a máscara, você está inalando. Não dá para dormir de máscara. Essa é a dificuldade. Agora, se o indivíduo trabalha no trânsito, em ambiente mais poluído que o habitual, está com dificuldade respiratória e se sente melhor com máscara, as máscaras mais grossas que previnem para vários agentes infecciosos, aquelas PFF2 ou N95, seriam as mais indicadas. Mas elas não são desenhadas para isso, a gente está extrapolando uma situação de emergência.

André Nathan, pneumologista

Para o pneumologista, a recomendação do uso da máscara pelo governo de São Paulo como forma de se proteger da poluição gerada pelas queimadas está correta, mas não pode ser generalizada para todas as situações.

A gente não tá falando de vários tipos de poluição [na hora de usar a máscara]. A gente tá falando de queimada ou de material articulado muito intenso, você não consegue enxergar, não consegue dirigir. Se você for chegar perto do foco ou se sua cidade ou bairro tá perto do foco, aí sim vale a pena utilizar a proteção individual.

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André Nathan, pneumologista

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