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Infectados por HIV: Técnico diz que 'ordem era economizar' no laboratório

Fachada do laboratório PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu (RJ) Imagem: Imagem/Divulgação

Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

15/10/2024 08h48

Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico de laboratório e responsável pelas análises nos órgãos para transplante no PCS Lab Saleme, foi preso nesta segunda-feira (14). Em depoimento, ele contou detalhes sobre o controle de qualidade dos testes feitos pelo laboratório. O documento foi revelado pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

O que aconteceu

Ivanilson contou à polícia que, até dezembro de 2023, o controle de qualidade da sorologia era feito diariamente. A partir de 2024, passou a ser feito semanalmente. Ainda de acordo com o depoimento, a responsabilidade do controle seria da coordenadora Adriana Vargas que deu "ordem para economizar", segundo ele.

Quando questionado sobre a diferença entre as periodicidade do controle, o técnico contou que podem ocorrer erros. "Os reagentes ficam degradados por permanecerem muito tempo na máquina analítica; que o controle é uma segurança da certeza do resultado e, por isso, deve ser diário", disse em depoimento.

Ele acredita que o motivo da mudança foi pela economia, já que os kits de reagentes são muito caros. Ivanilson também contou que estava pensando em se desligar da empresa, pois "acreditava que tudo de errado ocorreria", mas foi desligado na última sexta-feira.

"As informações iniciais colhidas até o momento dão conta de que houve uma falha operacional de controle de qualidade nos testes aplicados ao diagnóstico de HIV. E tudo isso com o objetivo de obter lucro nessa questão dessas análises" - Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, durante entrevista coletiva sobre o caso na última segunda-feira (14).

Durante a "Operação Verum", 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diversos endereços. Além de Ivanilson, o sócio do PCS Lab Saleme, Walter Vieira, também foi preso. Duas pessoas são consideradas foragidas.

Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que segue apurando a cadeira operacional relacionada à elaboração dos laudos. Eles ainda afirmaram que a questão do contrato com o laboratório também está sendo investigada.

Relembre o caso

Seis pacientes que receberam transplantes de órgãos foram infectados com o vírus HIV no Rio de Janeiro. Os casos foram descobertos após um paciente, que havia recebido um coração nove meses antes, apresentar sintomas neurológicos.

Exames feitos nos doadores apresentaram "falso negativo". Os testes foram realizados pela PCS Lab, de Nova Iguaçu (RJ). O laboratório foi contratado em caráter emergencial pela SES-RJ em dezembro do ano passado. Novos exames feitos pelo Hemorio comprovaram, porém, que as amostras estavam infectadas com HIV.

Laboratório foi interditado e 'não funciona mais' no Rio. Todos os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio, disse Claudia Maria Braga de Mello, secretária de Saúde do estado, em entrevista à BandNews FM. "Temos o compromisso de manter toda a qualidade que sempre tivemos. Foi um caso sem precedentes", acrescentou.

O UOL entrou em contato com o PCS Lab Saleme, mas não teve retorno. O espaço permanece aberto.

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