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Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados pela morte de Marielle Franco

Do UOL, no Rio

31/10/2024 18h30

Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados nesta quinta-feira (31) a 78 e 59 anos de prisão, respectivamente, pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes. Os dois foram mortos a tiros em 14 de março de 2018.

Decisão foi lida pela juíza Lúcia Mothé Glioche após dois dias de júri.

Às 17h, os sete jurados — homens, "de pele clara" e de "meia-idade", segundo o MP — foram para a sala secreta. Pouco menos de uma hora depois, a sentença foi lida pela titular do 4º Tribunal do Júri da Justiça do RJ.

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Na quarta-feira (30) foram 13 horas entre sorteio dos jurados, depoimento de nove testemunhas, e dos réus confessos.

Enquanto Lessa admitiu os crimes e pediu desculpas aos familiares, Queiroz disse que só soube que Marielle seria assassinada no momento que já levava o atirador.

A audiência do segundo dia teve sustentação oral dos promotores e da assistência de acusação entre 9h26 e 12h08. Já no início da tarde, os advogados de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz sustentaram oralmente as defesas dos ex-policiais militares, das 12h33 às 13h22.

Acusação e assistência com estratégias divergentes

O Ministério Público tentou dissociar, durante a sustentação oral, Marielle da figura que se limitava a uma potência política de esquerda. A estratégia buscava convencer os jurados — homens, de "pele clara" e de "meia-idade", segundo o MP — a condenarem à pena máxima os então réus confessos.

Logo depois, a assistência de acusação racializou o discurso para os mesmos jurados. Negra, a defensora pública Daniele Silva afirmou que "precisamos racializar sempre o debate. Precisamos sempre mostrar como nossos corpos são indesejados".

Últimas cartadas da defesa

Saulo Carvalho, advogado de Lessa, reconheceu a importância pessoal e política de Marielle, além de verbalizar pesar pela morte de Anderson. Depois, afirmou que, se não fosse pela confissão do cliente, o crime nunca seria esclarecido e as autoridades jamais chegariam até os mandantes.

"O Ronnie confessa todos os crimes. Mas, por essa confissão, entendo até como um pedido que faço aos senhores: eu peço a condenação de Ronnie Lessa. Mas que ele seja condenado de uma forma justa", disse o advogado.

A advogada de Queiroz, Ana Paula Cordeiro, seguiu a mesma linha, dizendo que seu cliente assumiu o crime, mas que desejava que os jurados aplicassem uma pena justa. "Somente no caminho, da Barra da Tijuca até o centro da cidade, que foi informado pra ele [Queiroz] quem era Marielle. Ele [Queiroz] nunca tinha ouvido falar da Marielle. Ele [Queiroz] não planejou o crime", disse.

Motivação e mandantes

Em delação premiada à Polícia Federal, Lessa afirmou que foi contratado por Domingos Brazão, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), e por Chiquinho Brazão (sem partido), deputado federal, para assassinar a vereadora. Os irmãos Brazão negam envolvimento no crime.

O delator também disse que o delegado Rivaldo Barbosa, que assumiu a chefia da Polícia Civil um dia antes do crime, recebeu propina para proteger os atiradores e os mandantes dos assassinatos. O delegado também nega qualquer participação no crime.

Lessa afirmou à Polícia Federal que a motivação teve como principal motivação grilagem de terras na zona oeste da capital fluminense. No júri, o atirador afirmou que a ação ocorreria no bairro Tanque.

Segundo ele, Marielle se opôs numa discussão na Câmara dos Vereadores sobre um texto que previa flexibilizar exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização de imóveis.

Veja como foi o júri

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