População em favelas no Brasil cresce 43% em 12 anos e vai a 16,4 milhões
O Brasil tem mais de 16 milhões de pessoas morando em favelas, de acordo com o Censo 2022 do IBGE. O instituto captou um aumento de 43,46%, com quase cinco milhões de habitantes a mais nestas áreas em todo o Brasil desde 2010.
O que aconteceu
No Brasil existiam 12.348 favelas em 2022, segundo o IBGE. Favelas e comunidades urbanas foram registradas em 655 dos 5.570 municípios de todas as regiões do Brasil.
16.390.815 pessoas (mais de 8% da população do Brasil) moram em favelas e comunidades urbanas no país. Em 2010, residentes em favelas eram 11.425.644, 6% da população total do país naquele ano. Um aumento de 43,46% ou quase cinco milhões de habitantes a mais entre os dois levantamentos.
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Se todas as favelas do Brasil formassem um estado, seria o terceiro mais populoso do Brasil. Ficaria atrás de São Paulo, com 44,4 milhões de pessoas, e Minas Gerais, com 20,5 milhões.
Esta é a primeira vez desde 1991 que o IBGE utiliza o termo "favela" para a pesquisa. O instituto havia deixado de utilizar a categoria "Aglomerado Subnormal" para se referir a esses territórios com o objetivo de eliminar a conotação negativa da expressão anterior.
O aumento considerável nos números ocorreu devido à melhoria de condições e recursos para a captação dos dados, conforme o IBGE. Portanto, o Censo 2022 conseguiu registrar informações de moradores destes locais com mais qualidade.
As melhorias do Censo 2022 nas Favelas e Comunidades Urbanas resultaram no mapeamento de áreas não identificadas pelo IBGE no Censo 2010, no ajuste de limites de áreas anteriormente mapeadas e no aperfeiçoamento dos mecanismos de acompanhamento da coleta no decorrer da operação. Os resultados de 2022 são os melhores resultados obtidos frente a melhorias tecnológicas e metodológicas na identificação dos recortes territoriais de 'Favelas e Comunidades Urbanas'.
Letícia Gianella, mestre em Geografia e pesquisadora do IBGE
A publicação dos dados sobre as favelas brasileiras desta sexta é uma parceria entre o IBGE, a CUFA (Central Única das Favelas) e o Instituto Data Favela. Outras 30 organizações sociais não governamentais e públicas também participaram de reuniões para definir a nomenclatura e definição do levantamento "Favelas e Comunidades Urbanas: Resultados do universo".
É impossível imaginar o Brasil sem enxergar a favela no mapa. São milhões de pessoas, com poder de consumo significativo, que contribuem com impostos a cada produto adquirido. Essas pessoas merecem ser reconhecidas e incluídas nas políticas públicas. Os moradores das favelas no Brasil, somados, superam a população de diversos estados da federação. Negar-lhes o acesso aos serviços públicos é, na prática, negar as oportunidades a uma parcela vital da população brasileira.
Renato Meirelles, fundador do Instituto Data Favela
Estados com maior população em favelas
São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Bahia são os estados com mais habitantes em favelas do Brasil. Levantamento do Censo mostrou que, somados, os estados têm mais de 8,5 milhões de habitantes nestes locais.
A maior parte das favelas fica na região Sudeste, com mais de 48% de todas essas comunidades no país. O Nordeste vem na sequência, com 26,8%; seguido de Norte, 11,6%; Sul, 10,4%; e Centro Oeste.
Apesar do Sudeste superar todas as outras regiões em número absoluto de moradores nas favelas, o Norte é a região que tem os estados com maior proporção de pessoas em favelas, se comparada a população total.
A região Norte tem um percentual de 18,9% de sua população total residindo em favelas e comunidades urbanas. Esse número é mais que o dobro da média nacional de 8,1%.
De toda a população do Amazonas, 34,7% vivem em favelas, mostra o IBGE. Outros dois estados do Norte concentram grande fatia populacional nestas áreas. O Amapá tem 24,4% de sua população em favelas, seguido do Pará, com 18,8%.
Favelas mais populosas do Brasil
O Rio de Janeiro tem a favela mais populosa do Brasil. Na Rocinha viviam 72.021 pessoas em 2022. Sol Nascente, em Brasília (DF), e Paraisópolis, em São Paulo (SP), com 70.908 e 58.527 habitantes cada.
A Rocinha também lidera em número de domicílios particulares permanentes ocupados, com 30.371 unidades.
Foram registrados 6.556.998 domicílios nas favelas do Brasil. O número médio de moradores por domicílio, excluindo os vazios e de outras ocupações, é de 2,9. Semelhante ao número total do Brasil — 2,8.
A densidade populacional varia entre as favelas, com algumas áreas apresentando um número maior de moradores por domicílio. Por isso, algumas favelas entre as mais populosas, não necessariamente são as maiores em território. Exemplo disso é Sol Nascente, que tem a segunda maior população, mas está na terceira posição em número de domicílios (23.846).
Cor e Raça
População das favelas é composta, majoritariamente, por negros. No Brasil, apesar da população branca representar 43,5% do total, nas favelas o grupo representa apenas 26,6% dos habitantes. Por outro lado, a população parda e preta, que compõem os negros do Brasil, são 45,3% e 10,2% do total do Brasil.
A idade mediana das pessoas que moram nas favelas é inferior à da população nacional. Enquanto no Brasil essa idade é de 35 anos, nas favelas é de 30. A idade mediana representa a idade que separa a metade mais jovem da população da metade mais velha.