Brasileiras presas na Alemanha perdem visto dos EUA pelo crime não cometido
Do UOL, em São Paulo
20/11/2024 12h19
Os vistos americanos das brasileiras Jeanne Paolini e Kátyna Baía, que ficaram detidas em um aeroporto da Alemanha por 38 dias após terem malas trocadas, foram cancelados por causa da prisão injusta.
O que aconteceu
Brasileiras estavam no aeroporto quando foram informadas sobre o cancelamento dos vistos nessa terça-feira (19). Elas embarcariam em um voo a Nova York, segundo publicação nas redes sociais.
A sanção ocorreu por causa da prisão injusta delas na Alemanha após terem etiquetas das malas trocadas no Aeroporto de Guarulhos. "Até hoje sofremos as consequências da injusta prisão", afirmou o casal em publicação nas redes sociais.
Ao UOL, a Embaixada dos Estados Unidos afirmou que não comenta detalhes sobre casos individuais de visto. O órgão também foi questionado sobre como o processo de cancelamento de vistos funciona, mas não respondeu sobre o assunto.
A Lei Americana de Imigração proíbe a emissão de vistos a quem tenha passagem criminal por tráfico de substâncias ilícitas. O processo para retirada do documento custa US$ 185 (mais de R$ 1 mil) e ele é válido por 10 anos.
Estamos aqui nos recuperando, planejando as nossas viagens, retomando as nossas vidas, curando as cicatrizes. Pagamos tudo, deixamos tudo organizado há mais de seis meses e mais uma vez temos uma frustração em função da vulnerabilidade e da baixa segurança no Aeroporto de Guarulhos.
Kátyna Baia, em publicação nas redes sociais
Relembre o caso
Jeanne Paolini e Kátyna Baía foram presas em uma escala em Frankfurt no dia 5 de março de 2023. A detenção do casal ocorreu após as duas terem as etiquetas das bagagens trocadas.
Organização criminosa trocava etiquetas. As malas que viajaram para a Alemanha tinham cocaína e foram apreendidas pela polícia.
Imagens mostraram ação do grupo. Câmeras de segurança ajudaram a polícia a identificar a atuação da organização criminosa, conforme explicou o delegado da Polícia Federal de Goiás, Bruno Gama.
As brasileiras deixaram a prisão em 11 de abril e chegaram ao país três dias depois. A soltura ocorreu após autoridades alemãs terem analisado vídeos enviados por autoridades brasileiras. As provas tinham o objetivo de comprovar a inocência das brasileiras, de acordo com a PF. Logo após chegarem ao Brasil, Kátyna disse à TV Anhanguera que elas foram "mal recebidas, maltratadas pela polícia alemã".
Kátyna e Jeanne ficaram 38 dias presas na Alemanha. Suas malas tiveram as etiquetas trocadas ainda no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
As etiquetas com os nomes delas foram parar em malas que continham 40 quilos de cocaína, segundo a Polícia Federal. Elas foram presas em Frankfurt, na Alemanha, no dia 5 de março.
Justiça da Alemanha determinou que mulheres deveriam ser indenizadas. O valor da indenização não foi definido na decisão, publicada em março. Segundo a lei local, o valor deve ser de no mínimo 2.850 euros (mais de R$ 15 mil).