Empresa é suspeita de desviar R$ 22 mi para formaturas: 'Eliminaram sonhos'
A empresa Phormar está sendo investigada na Polícia Civil e no Ministério Público de Minas Gerais por suspeita de ter desviado R$ 22 milhões em 145 fundos de formatura de colégios e faculdades de Juiz de Fora (MG) e de cidades do Rio de Janeiro.
O que aconteceu
Suspeita do desvio começou na última semana, após denúncia de um estudante de medicina da Suprema, faculdade particular de Juiz de Fora. Aluno publicou um vídeo falando que o proprietário da Phormar fez movimentações financeiras sem autorização dos representantes do fundo. Uma parte foi devolvida, mas estaria faltando mais de R$ 200 mil.
Uma parte do dinheiro eles disseram que aplicaram em um fundo. Só que não temos absoluta noção de onde o dinheiro está. Eles dizem que vão colocar [o dinheiro na conta], mas não há nenhuma movimentação
Harry Walnut, estudante de medicina
UOL teve acesso a processos abertos nos últimos dias contra a Phormar. Luiz Henrique Resende de Queiroz, proprietário da empresa, entrava na conta dos fundos e fazia pix para sua conta particular, da Phormar e da Inphorme— empresa "irmã" da Phormar. Além da movimentação, o empresário retirou os responsáveis dos fundos da gestão das contas. Ou seja, eles não conseguiam impedí-lo de movimentar o dinheiro.
O valor desviado chega a R$ 1,2 milhão em um dos processos. O fundo pertencia a 110 alunos do curso de medicina do Centro Universitário de Valença (UNIFAA) e tem as festividades programadas para os dias 16, 17 e 18 de janeiro de 2025. No processo, eles contam que chegaram a abrir uma outra conta bancária suspeitando da falta de transparência da Phormar e pediram para que os valores do fundo fossem enviados para essa nova conta. O valor, no entanto, nunca foi transferido.
A Phormar conta com 145 fundos ativos. A suspeita é que, ao todo, R$ 22 milhões tenham sido desviados desses fundos.
Funcionários estavam sem receber
Funcionários da Phormar foram demitidos ao mesmo tempo que começaram relatos do golpe nas redes sociais. Além da demissão, eles descobriram que o salário de novembro não foi pago e que várias parcelas do FGTS estão em atraso. "Não houve o comunicado de dispensa formal para informar o desligamento, mas foi efetivada a dispensa de todos e que seria necessário aguardar os cálculos para verificar como seriam feitos os pagamentos", informou em nota o advogado Vinícius Moreira, que representa os advogados.
Vítimas da empresa passaram a ameaçar os ex-funcionários, conta o advogado. "Pela falta de um posicionamento oficial da empresa e alvoroço causado pela situação, algumas pessoas ultrapassaram os limites, promovem ofensas e xingamentos".
Estudantes se unem e recorrem a vaquinhas
Ao se depararem com a conta do fundo vazia, estudantes passaram a fazer vaquinhas para tentar realizar alguma festividade. "Ao longo de cinco anos, 40 alunos e suas famílias sonharam o momento de se confraternizar toda a jornada da graduação. Agora, tão próximo, fomos deixados desamparados e sem recursos em nossas contas para cobrir os custos faltantes do nosso evento", informa a vaquinha da turma de Direito do Instituto Vianna Júnior, que tem a festa marcada para dia 11 de janeiro.
Alunos do Ensino Médio também foram impactados. A filha de Rodrigo Oliveira é aluna do 3º ano do Colégio Conexão e tinha a festa marcada para janeiro. "Pagamos ao todo cerca de R$ 5 mil para cada aluno. Trabalho como motorista de aplicativo e damos duro para pagar tudo. Isso impacta toda a família. Estamos todos chateados", comentou o motorista.
Alguns fundos de formatura estão se unindo para buscar uma solução coletiva para o caso. "25 fundos entraram em contato. Estamos em contato com os advogados, intermediando as notícias que recebemos com os demais integrantes do fundo para decidirmos os próximos passos", disse Julia Rodrigues, presidente do fundo de formatura de Psicologia da UFJF, que tem a festa marcada para fevereiro de 2026.
Além da questão financeira, nosso emocional está destruído. Eliminaram os sonhos de 60 famílias, de anos de investimento financeiro e de expectativa. Deveríamos estar 100% focados em prestar as provas da residência, mas estamos tendo que lidar com essa situação. Viraram nossa vida de cabeça para baixo Camila Saar, representante de um dos fundos de formatura de medicina da Suprema
Proprietário da Phormar prestou depoimento
Luiz Henrique Resende de Queiroz prestou depoimento na 7ª Delegacia em Juiz de Fora, mas o caso está em sigilo. O Ministério Público informou que foi "instaurada uma investigação Preliminar para elucidar conduta abusiva perpetrada pela empresa".
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Quero receberA Phormar informou que iria se manifestar até a última segunda-feira (9), mas até o fechamento da matéria, não houve nenhum posicionamento. A reportagem tentou contato com Luiz Henrique, mas não teve retorno. A sede da empresa está fechada desde então.
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