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Túlio Gadêlha desafia intervenção de Lupi e se mantém na disputa no Recife

O deputado federal Túlio Gadêlha e o presidente do PDT, Carlos Lupi Imagem: Facebook/Reprodução

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/09/2020 21h02

Depois de ter toda a comissão do PDT do Recife destituída do cargo ontem, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) promete levar "até a última instância" a manutenção de sua candidatura à Prefeitura do Recife, à revelia do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi.

Na sexta-feira passada, o PDT anunciou o apoio do partido a João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos, frustrando o grupo liderado por Gadêlha, que desde o início de 2019 era incentivado a trabalhar em uma candidatura neste ano.

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"Não acho que o melhor caminho seja judicializar a política, mas não vejo outra forma de se reparar as injustiças diante desse processo. Achei muito desonesto com as pessoas. O compromisso do partido não era esse, e a comissão foi retirada em pleno exercício do mandato, às vésperas de uma convenção para redirecionar uma definição", diz.

Foi uma decisão abrupta, e vamos levar até a última instância para defender esse projeto.
Túlio Gadêlha, deputado federal

Ainda na sexta-feira, o deputado chegou a postar em suas redes sociais que esperava uma autocrítica do PSB sobre a gestão municipal e indicou o nome do enfermeiro Rodrigo Patriota como um eventual vice de Campos. "A gente na verdade esperou uma autocrítica do PSB, não uma aliança por aliança. Mas isso não ocorreu", afirma.

O PSB, por sua vez, vetou o nome indicado por Gadêlha. Diante da falta de acordo com membros municipais, a direção nacional do PDT decidiu dissolver a comissão do partido no Recife, formada por 11 pessoas, e colocar um grupo provisório, nomeado pelo presidente estadual da sigla, o deputado federal Wolney Queiroz.

O resultado é que a convenção do partido que iria oficializar a candidatura de Gadêlha está marcada para as 10h, mas deve ser comandada pelo grupo interventor. No lugar da candidatura de Gadêlha, os interventores do partido anunciaram que vão indicar Isabella Roldão como vice de Campos.

"Decisão vai além de traição" e "Ciro faz falta"

Em muitas falas desde 2019, Carlos Lupi confirmou a candidatura de Gadêlha no Recife e dizia se tratar de uma "joia da coroa". "Digo que essa decisão vai além de traição: é um desrespeito à direção municipal, à organização partidária, às pessoas que fizeram parte desse processo. Filiamos 1.000 pessoas nesses últimos 12 meses, que vêm participando, trazendo ideias de políticas públicas, movimentando a base do partido. Esse grupo é formado por gente muito boa, voluntária, que trabalhou na construção de programa. É um desrespeito com tudo isso", afirma o deputado federal.

"A gente não pode ser estimulado a construir um projeto, juntar muita gente, ficar tecnicamente empatado em pesquisas com o candidato do Palácio e ser negociado como moeda de troca nesse processo. Recife é uma cidade revolucionária! A gente está cansado de discutir projetos e, por conta de acordo de cúpula, perdê-los", completa.

Gadêlha ainda lamentou a ausência de Ciro Gomes no debate para contornar a situação. "Conversei com ele há uns 20 dias, mas Ciro deixa Lupi para cuidar dessas questões, não se envolve. Eu gostaria muito que ele se envolvesse para conciliar. Para um projeto nacional, é preciso construir uma relação de confiança com seus quadros, com prefeitos e vereadores, e a distância dele [desse processo municipal] é muito difícil. Perderemos de fazer um debate amplo pela cidade, trazer pessoas para dentro desse processo, e a participação dele faz falta nesse processo", diz.

Para o deputado, apesar da decisão "antidemocrática", ele afirma que não pretende sair do partido, mesmo que não consiga sustentar sua candidatura. Afirma querer "mudar por dentro" a estrutura do partido.

"Nos preocupa essa postura. Precisamos discutir a qualidade da democracia do Brasil, e isso parte também da prática autoritária dos partidos. Isso tem afastado as pessoas da participação política. A falta de democracia interna os partidos, muitas vezes com uma política muito oligárquica. O PDT aqui é comandado por uma mesma família há 26 anos. A partir do momento que dirigentes se sentem donos de partido, vão dar prioridade para seu ente familiar, e se perpetuam no poder", diz.

O UOL entrou em contato com a assessoria de Carlos Lupi e aguarda o posicionamento do líder do PDT.

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