Há uma lenda de que esquerda e militares estão afastados, diz Major Denice
Colaboração para o UOL, em São Paulo
15/10/2020 12h50
A candidata do PT à Prefeitura de Salvador, Major Denice, defendeu que não há antagonismo entre militarismo e políticas de esquerda. Policial Militar na Bahia, ela disse ser um exemplo disso.
"Em algum momento na nossa história alguém disse que o militarismo, as polícias militares estariam afastadas da esquerda, eu não vejo assim", disse em sabatina do UOL, em parceria com a Folha de S. Paulo, transmitida hoje. "A história talvez criou uma lenda".
"Estou aqui, uma policial militar de esquerda, que em nenhum momento desassocio tanto das perspectivas da formação militar e também não desassocio das perspectivas de uma pessoa de política partidária de esquerda", declarou.
"Nós já tivemos muitos militares de esquerda", disse, citando o caso de Carlos Lamarca, capitão do Exército e comandante guerrilheiro durante a ditadura militar (1964-85).
A candidata afirmou que as forças militares foram criadas para proteger o poder, e não proteger as pessoas. "Precisamos inverter este panorama", afirmou aos jornalistas Flávio Costa, do UOL, João Pedro Pitombo, da Folha.
Na última pesquisa Ibope, a petista apareceu com 6% das intenções de voto. O líder foi Bruno Reis (DEM), com 42%
Guarda Municipal e Direitos Humanos
Major Denice falou em criar uma Guarda Civil Municipal de direitos. "Uma reformulação no processo de capacitação da Guarda, uma Guarda pautada nos Direitos Humanos, diálogo e no fomento à dignidade da pessoa", disse.
Ela também prometeu uma ronda cidadã que vai proteger pessoas em vulnerabilidade social.
"É inverter essa lógica, nós estamos potencializando a reação para combater a violência, e às vezes essa reação gera mais violência ainda", disse.
Racismo estrutural
Major Denice afirmou que não se pode pensar na cidade de Salvador sem levar em consideração a população majoritariamente negra.
A candidata falou em um programa municipal de desconstrução do racismo, para alcançar todas as secretarias.
"Não podemos deixar de pensar na saúde a partir da pessoa negra", disse.
Ela citou a propensão da população negra de desenvolver anemia falciforme, e doenças cardiovasculares.
"A lógica dessa equipe médica é analisar a pessoa negra como regra e não como exceção e ela precisará ser capacitada para isso", disse.
Dentro de seu plano de governo, a candidata afirmou que vai garantir um aumento mínimo de 80% de atenção básica de saúde. Ela também prometeu mais quatro policlínicas para a cidade.
Relação com o Governador Rui Costa
A candidata afirmou ainda que 'qualquer político' deve ouvir o governador baiano Rui Costa (PT), mas disse que terá independência caso seja eleita.
"A partir de primeiro de janeiro de 2021, serei a prefeita desta cidade, sei liderar, sei comandar, sei gerir minha cidade", disse.
"Ouvi-lo será uma honra, mas as decisões partem de mim porque quem vai comandar Salvador sou eu", disse sobre relação com o Rui Costa.