Coronel da PM diz ver indício de interferência do PCC em eleições paulistas
O coronel e chefe do centro de inteligência da Polícia Militar de São Paulo, Pedro Luís de Sousa Lopes, disse que há indícios de interferência do crime organizado no processo eleitoral em "quase todas" as regiões de São Paulo.
O que aconteceu
O coronel afirmou que "todas as energias" da PM estão dedicadas ao combate da interferência do crime organizado no processo eleitoral. Segundo ele, os indícios da interferência de facções estão presentes em diversos municípios — as declarações foram dadas no 18º encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado entre terça (13) e esta quinta (15) no Recife
Indícios de envolvimento do PCC no processo eleitoral seriam mais fortes em municípios pequenos. "Quanto menor o município, mais vulnerável, porque [eles] não têm recursos. Esse é um grande problema, porque a capilaridade impõe mais dificuldade. Mas existem padrões que nos ajudam a ser mais específicos", disse.
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A Inteligência da PM recebeu informações sobre financiamento do PCC em cidades menores, afirmou o coronel. Lopes citou uma operação em Mogi das Cruzes. "Nessa investigação aparecem dados públicos sobre a interferência em alguns municípios", diz ele. "Nessa investigação já há provas documentadas nos autos."
Municípios não foram especificados pelo coronel da PM. "Onde a campanha eleitoral é mais cara é o contexto que nos chama mais a atenção", afirma. Ele disse que na capital paulista não há "efetivamente nada" em relação a eventuais indícios de interferência da fação no processo eleitoral. "Mas risco sempre há, não só para prefeito mas para vereança."
O alto comando da Polícia Militar se reuniu com o Tribunal Regional Eleitoral. Segundo Lopes, a operação da corporação com foco no processo eleitoral está em curso no estado. "Precisamos ser informados de qualquer tipo de ingerência ou manifestação que possa implicar limitação do processo eleitoral em virtude de prática criminosa dessa natureza. Temos recebido bastante material por conta dessa interlocução", diz ele.
O chefe da Inteligência da PM diz que o PCC segue a lógica das máfias italianas. "Em algum momento a gente não vai saber o que é crime e o que não é. Dependendo do nível de sofisticação, vai chegar um momento que, por exemplo, eu já tenho pessoas importantes da cúpula que estão atuando em empreitada criminosa importante que não tem nem antecedente criminal. Se eu não tiver um trabalho de inteligência bem organizado, vou ser surpreendido", afirmou.
O número é muito maior do que eu imaginava, não dá pra falar pra você que são 100, 200 municípios, mas tem vários municípios com indícios muito palpáveis de já há alguma movimentação importante do crime para participar com o financiador de campanha eleitoral.
Pedro Luís de Sousa Lopes, coronel da PM em São Paulo
É muito dinheiro.Tem uma série de contratos públicos expondo integrantes da cúpula do PCC. Talvez seja excesso de confiança. O fato é que estão se expondo.
Caso no Guarujá
Lopes afirmou que uma operação no Guarujá, litoral de São Paulo, identificou duas pessoas ligadas ao PCC que tinham ligação com a administração municipal. "Durante a última saída temporária no Guarujá, houve o assassinato de um indivíduo faccionado. Esse indivíduo tinha um contrato com a administração municipal", afirmou.
Vítima ferida em operação no Guarujá é um vereador da cidade, segundo coronel. "Nesse caso, tem prova, inclusive, conduzido um que é inquérito pela Polícia Federal e gerou material pra gente até hoje. A partir dessa constatação já expandiu as nossas preocupações pra quase todas as regiões do estado."
*A repórter viajou a convite do 18º encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública