Após cadeirada, Datena registra queixa-crime por difamação contra Marçal
Manuela Rached Pereira
Do UOL, em São Paulo
17/09/2024 18h32
A campanha de José Luiz Datena (PSDB) protocolou nesta terça-feira (17) uma queixa-crime na Justiça Eleitoral contra Pablo Marçal (PRTB), por calúnia e difamação. A denúncia ocorre após a agressão do apresentador ao adversário no debate de domingo (15), na TV Cultura.
O que aconteceu
Ação foi aberta após Marçal acusar Datena por assédio sexual. Durante o debate da TV Cultura, o ex-coach relembrou uma acusação de 2019 contra o apresentador, a quem se referiu como "estuprador". Um vídeo com trechos das acusações foi publicado no domingo nas redes socias de Marçal, mas tirado do ar nesta terça.
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Defesa de Datena denunciou Marçal por ofender "a honra e a imagem" do adversário político. "O vídeo postado tem a intenção de enganar o eleitor e ofender José Luiz Datena, dando a entender que o requerente seria abusador de mulheres", diz a denúncia.
Os playboys da cidade de São Paulo não sabem o que eu vou falar agora, mas quem é da quebrada sabe. 'Homem é homem, mulher é mulher, estuprador é diferente, né?!'. Sabe o que eu estou falando? Tem alguém aqui que é Jack que tá tirando onda, apoiando censura, mas é alguém que responde por assédio sexual e essa pessoa dá pena.
Trecho de declaração de Pablo Marçal durante debate da TV Cultura, também divulgado em suas redes sociais.
Marçal se referia à acusação de assédio sexual contra Datena em 2019. Naquele ano, uma ex-repórter do Brasil Urgente, da Band, registrou queixa contra o apresentador. Mais tarde, a jornalista recuou, e o processo foi arquivado. Em outro momento, ela disse que foi induzida a retirar a acusação.
Acusação é "mentirosa e infundada", diz defesa do apresentador. "A alegação feita por jornalista de que José Luiz Datena a teria assediado sexualmente sequer teve prosseguimento, uma vez que a punibilidade do fato a ele imputado foi extinta (...). De resto, a própria jornalista retratou-se das acusações que fizera. Assunto encerrado", afirmam os advogados do apresentador na queixa-crime.
Fora do ar, vídeo com acusações aparecia disponível até o início da tarde desta terça. Questionada sobre a denúncia de Datena e se a publicação foi apagada das redes de Marçal, a assessoria do candidato não retornou à reportagem.
Eu queria que você pedisse perdão pras mulheres. O processo que corre, é só você ir no Google e digitar [...] Você está pagando, não sei, talvez milhões, pelo silêncio dessa mulher. Eu acho que é isso. Ex-funcionária da Band. Aproveita. Eu nem entraria nesse rumo com você, mas já que você tá me tratando assim como um idiota, pegue uma pergunta de idiota, explique e peça perdão pra todo o eleitorado feminino do Brasil inteiro. Você é querido né, por alguns (...) Mas você, eu quero saber se tocou na vagina dela, como é que foi essa questão de assédio sexual seu.
Declarações de Pablo Marçal, que antecederam agressão de Datena contra o adversário durante debate da TV Cultura
Pablo Marçal pensa que está acima do bem e do mal. Ele ofende, xinga, desrespeita sem qualquer freio moral ou social. Agride os demais candidatos irresponsavelmente, sem medir as consequências de seus atos e palavras. Escandaliza pela vulgaridade, pelo xingamento. Ataca gratuitamente seus adversários, e assim os eleitores e a própria democracia.
Trecho de queixa-crime contra Marçal
Acusações precederam agressão em debate
No debate do domingo, Marçal citou o caso de assédio no segundo bloco do programa. Datena se disse inocente, falou que o caso foi arquivado e acrescentou que esse foi um tema que gerou "grande problema" para a família dele. "Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas", afirmou.
No quarto bloco, Marçal voltou a provocar Datena, que o agrediu com uma cadeira. Marçal perguntou quando o tucano deixaria a disputa eleitoral, ao que o apresentador usou seu tempo de resposta para voltar a se defender da acusação de assédio sexual. Quando a palavra voltou a Marçal, o ex-coach disse que Datena "não era homem" para enfrentá-lo. A isso se seguiu a agressão, na qual Datena usou uma cadeira para bater no adversário. O tucano foi expulso do debate, e o adversário se retirou e foi para o hospital, onde passou a noite.