Boulos pede prisão de Marçal após divulgação de prontuário médico falso
Do UOL, em São Paulo
04/10/2024 23h13Atualizada em 05/10/2024 19h19
O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) pediu a prisão de Pablo Marçal (PRTB) por divulgar nesta sexta (4) um prontuário médico falso que aponta surto psicótico grave e uso de cocaína do deputado.
Marçal publicou um prontuário médico forjado em suas redes enquanto participava de um podcast. O documento tem erros de digitação, erro nas informações do documento de Boulos e é assinado por um médico já falecido. A Justiça Eleitoral, a pedido dos advogados de Boulos, determinou a exclusão dos vídeos que apresentavam o documento falso.
O que aconteceu
Boulos disse que adversário "não tem limite" e que o documento é falso. Em vídeo ao vivo nas redes, ele também pediu a prisão do administrador da clínica em que Marçal diz que ele foi atendido em 2021. "O dono da clínica tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele, e nós vamos publicar aqui no meu Instagram esse vídeo assim que eu terminar a live", afirmou.
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No dia 19 de janeiro de 2021, data do falso laudo, Boulos fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Nela, o candidato fala, em transmissão da casa dele, sobre vacinação da covid-19. "Até o número do meu documento está errado no negócio, não tem limite. A ideia é justamente criar essa confusão, a ideia é que as pessoas divulguem a mentira para tentar criar um impacto eleitoral pra eleição do próximo domingo", afirmou Boulos. O UOL confirmou que o número do RG do candidato está errado.
No dia seguinte ao alegado prontuário falso, Boulos participou de uma distribuição de cestas básicas na comunidade do Vietnã, zona sul de São Paulo. O evento foi registrado nas redes sociais do atual candidato.
Cerca de duas horas depois da publicação de Marçal, o ex-coach disse que o Instagram removeu o post. "Parabéns pela democracia de esquerda", disse o candidato. Os advogados de Boulos acionaram a Justiça por conta do atestado falso divulgado por Marçal e hoje pela manhã o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, concedeu liminar determinando exclusão de vídeos que apresentavam o documento falso nas redes sociais do ex-coach.
Marçal associa Boulos, sem apresentar provas, ao uso de cocaína desde o início da campanha. Ele já foi condenado pela Justiça Eleitoral a apagar publicações sobre o assunto nas redes sociais. No debate da TV Globo, o psolista apresentou um exame toxicológico feito no dia 2 de outubro.
O médico que assina o prontuário forjado da internação de Boulos morreu. José Roberto de Souza está com o registro no CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) inativo desde 2022. No site do órgão, a situação do profissional aparece como "falecido".
A Clinica MaisConsulta faz parte da TMTK, uma holding administrada pelo médico Luiz Teixeira da Silva Junior. As atividades da clínica não preveem pronto-socorro e "unidades para atendimento a urgências".
Luiz Teixeira se apresenta nas redes sociais como "patologista clínico, perito judicial". Em suas redes, o médico tem fotos com Marçal e sua esposa, Carol Marçal — ela fez uma aplicação de botox em maio deste ano. E há publicações com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
O médico já foi preso em 2019 suspeito de desviar R$ 20 milhões em recursos públicos. Segundo as investigações da Polícia Civil, ele seria um dos integrantes de uma quadrilha que usou verba de cidades paulistas na compra da operadora de planos de saúde Medical Rio, sediada em Niterói, região metropolitana da capital fluminense.
Esse crime teria ocorrido durante a fuga de outra investigação. Em 2017, ele chegou a ter a prisão decretada por supostamente desviar R$ 1,8 milhão com a ajuda da mulher, Liliane Bernardo Rios da Silva, que foi presa. O médico, no entanto, fugiu. Foi nesse período que teria participado do esquema no. Sobre o processo em Cajamar, acabou absolvido pela maioria das acusações após o processo ter sido assumido por outro juiz, mas ele acabou condenado por falsificação de documentos.
Procurado, o médico atendeu ao telefonema da reportagem, mas desligou. O espaço segue aberto para posicionamento.
Ele responderá e arcará com as consequências em todas as instâncias da Justiça - eleitoral, cível e criminal. Uma atitude inaceitável de quem prova não ter limites em sua capacidade de mentir.
Campanha de Guilherme Boulos