PF investiga Marçal por postagem de laudo falso em ataque a Boulos
Colunista do UOL, em São Paulo, e do UOL, em Brasília e em São Paulo
05/10/2024 13h27Atualizada em 05/10/2024 14h56
A PF incluiu neste sábado (5) o caso do laudo médico forjado postado por Pablo Marçal (PRTB), tentando associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas, em inquérito que apura acusações feitas pelo ex-coach contra os candidatos à Prefeitura de São Paulo ao longo da campanha.
O que aconteceu
A PF incluiu o episódio do laudo falso no inquérito aberto em 17 de setembro. "Já há investigação em curso, essa nova representação foi juntada em inquérito instaurado em setembro, aberto a partir de outra representação do candidato Guilherme Boulos, que foi acusado de ser usuário de drogas", disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, à colunista do UOL Carla Araújo. A investigação está na Delinst (Delegacia de Defesa Institucional), especializada em crimes eleitorais, na Superintendência da PF em São Paulo.
Inquérito apura uma série de acusações e crimes contra a honra que Marçal vem cometendo contra os candidatos. Ele foi aberto depois que Marçal fez a primeira acusação, sem provas, de que Boulos seria usuário de drogas.
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De acordo com um policial ouvido pelo UOL, esse tipo de crime traz mais problemas eleitorais que penais. As penas dos crime contra a honra são "baixas" segundo ele. Mas, do ponto eleitoral, a situação se complica. O professor Fernando Neisser, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, avalia que Marçal pode ter o mandato cassado e perder de vez a corrida pela prefeitura.
O diretor-geral da PF disse que não há politização no inquérito e que é papel da instituição zelar para coibir a prática de crimes. "A PF, polícia judiciária eleitoral, vai atuar com a responsabilidade, independência e firmeza com que conduz todas as suas investigações", afirmou Andrei.
PF também investiga suspeita de abuso de poder econômico. As apurações para verificar se Marçal cometeu crime ao pagar eleitores por edição de vídeos curtos, os chamados "cortes", estão sendo feitas em outro inquérito.
O que se sabe sobre o caso
Boulos pediu a prisão de Marçal depois que o ex-coach divulgou um prontuário médico falso que aponta surto psicótico grave e uso de cocaína pelo deputado. Marçal publicou um prontuário médico forjado em suas redes enquanto participava de um podcast. O UOL confirmou que o número do RG do candidato está errado no documento.
O documento tem erros de digitação, erro nas informações do documento e é assinado por um médico que já morreu. José Roberto de Souza está com o registro no CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) inativo desde 2022. No site do órgão, a situação do profissional aparece como "falecido". A assinatura do documento forjado é diferente da que aparece em um documento judicial de 2019.
Boulos disse que adversário "não tem limite" e que o documento é falso. Em vídeo ao vivo nas redes, ele também pediu a prisão do administrador da clínica em que Marçal diz que ele foi atendido em 2021. "O dono da clínica tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele, e nós vamos publicar aqui no meu Instagram esse vídeo assim que eu terminar a live", afirmou.
Cerca de duas horas depois da publicação de Marçal, o ex-coach disse que o Instagram removeu o post. "Parabéns pela democracia de esquerda", disse o candidato. Neste sábado (5), a Justiça Eleitoral determinou que Marçal e outros perfis apaguem postagens que trazem o prontuário médico forjado.
Marçal associa Boulos, sem apresentar provas, ao uso de cocaína desde o início da campanha. Ele já foi condenado pela Justiça Eleitoral a apagar publicações sobre o assunto nas redes sociais. No debate da TV Globo, o psolista apresentou um exame toxicológico feito no dia 2 de outubro com resultado negativo.