Ex-GSI, parente de Ustra é eleito vereador com apoio de Bolsonaro
Do UOL*
07/10/2024 11h36
O tenente-coronel do Exército Marcelo Ustra (PL) foi eleito vereador em Porto Alegre. Ele recebeu 2.669 votos. Em agosto, o partido confirmou ao Estadão que Ustra contaria com o apoio do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).
Quem é Marcelo Ustra?
Marcelo é parente do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra —ele é bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra. Brilhante Ustra foi o primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante a ditadura no Brasil (1964-1985). O oficial comandou o Destacamento de Operações de Informação Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo. Enquanto ele estava a frente do departamento, foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados no local.
O candidato possui histórico com o ex-presidente. Durante a gestão de Bolsonaro Marcelo Ustra trabalhava no GSI (Gabinete de Segurança Institucional), onde ficou até a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ustra também foi uma das pessoas que acompanharam Bolsonaro a Orlando após a derrota eleitoral.
Tanto Marcelo quanto Bolsonaro demonstram admiração pelo torturador que faleceu em 2015, aos 83 anos, sem cumprir pena. Em uma publicação no Instagram no dia primeiro de julho deste ano, Marcelo escreveu que o "primo do 'pavor de Dilma Rousseff'" seria candidato a vereador em Porto Alegre.
Marcelo faz referência à declaração de Bolsonaro a favor do torturador, em 2016, quando ele ainda era deputado federal e votou a favor do impeachment do ex-presidente do País Dilma Rousseff, — uma das vítimas do DOI-Codi.
Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff.
Jair Bolsonaro, em 2016
Bolsonaro elogiou Ustra em outras ocasiões, como 2019 quando ele disse que o militar era um "herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer". Em 2020, o ex-presidente defendeu o livro "A Verdade Sufocada", escrito pelo condenado, narrando a época da ditadura.
*Com informações do Estadão Conteúdo