Marçal diz que apoiará Nunes se receber desculpas de Bolsonaro e mais 4
Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo, condicionou um eventual apoio a Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno a um pedido de desculpas de Nunes, Silas Malafaia, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Eduardo Bolsonaro (PL).
O que aconteceu
Marçal deu prazo até a próxima segunda-feira (14) para que os cinco façam o pedido de desculpas. Caso não aconteça, o empresário ameaçou fazer uma "campanha que vocês não vão gostar".
"Eu prefiro perder em pé do que ganhar de quatro. Não vou afinar pra esses caras. Se não tiver humildade pra reconhecer os erros, esses caras ganhando vão atropelar vocês. Eles tão atropelando um cara que é bilionário, imagina você que não é"Pablo Marçal (PRTB), em evento em Alphaville
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O empresário mudou de ideia sobre apoio a Nunes. Após o resultado do primeiro turno, ele disse a jornalistas que apoiaria o prefeito se houvesse o compromisso de assumir algumas de suas propostas. "Ralem para conquistar esses votos. Eu duvido que eles tenham a humildade de reconhecer a m* que fizeram", falou ele nesta terça (8). "A consideração [de um apoio a Nunes] está condicionada a [uma retratação de] Malafaia, Bolsonaro, Eduardo, Tarcísio e ele [Nunes]."
Mudança de rota acontece após receber críticas de todos os citados. Segundo a colunista do UOL Raquel Landim, Nunes disse que dispensa o apoio de Marçal. "Quero esse sujeito bem longe de mim", disse o candidato à reeleição a aliados.
Marçal afirmou que Bolsonaro está "enciumado" com ele e que considerou a reação do ex-presidente "impressionante". "Bolsonaro está realmente enciumado comigo porque, na cabeça dele é o Messias, está até registrado no RG dele, ele não tira da cabeça que Deus chamou ele pra salvar o povo, mas, talvez pelo excesso, ele vai ficar inelegível até 2030. O ciúme dele para mim foi algo impressionante, não imaginei que seria nesse tanto", ironizou.
Marçal discursou em um evento que marcou com apoiadores na sede de uma de suas empresas, em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo. Chamado de "A Convocação", o ingresso custava R$ 97, e dava direito a três acompanhantes.
Durante o evento, Marçal voltou a criticar Nunes e Tarcísio. O empresário disse que Tarcísio "foi o pior de todos", e que o pedido de desculpas de Nunes terá de ser transmitido no rádio e na TV.
O empresário voltou a chamar Tarcísio de "goiaba". "Achava que ele era um cara bonzinho, e ele é um goiaba mesmo. Verde por fora e vermelho por dentro", criticou. A expressão é uma alusão ao termo "melancia", usado para descrever militares simpáticos à esquerda e ao comunismo. Marçal afirmou ainda que o governador fez um "pacto com o sistema, porque esse trem de ser presidente mexe com todo mundo", em referência ao fato de Tarcísio ser cotado para disputar a Presidência da República em 2026.
Marçal ainda afirmou que o "desenho" mostra que Boulos vai vencer a eleição contra Nunes. "Vai ser ruim. É terrível que alguém com a ideologia dele sentar numa máquina de R$ 120 bilhões".
"Deus me chamou pra ser presidente do Brasil", disse Marçal durante o evento. "Meu objetivo é fazer o que Deus me chamou", enfatizou o empresário sobre o desejo de ser presidente. "Eu tenho dois anos pra levantar a maior quantidade de gente com mentalidade próspera porque, se não, eu não consigo isso", explicou. Marçal deixou em aberto também a possibilidade de concorrer ao governo do Estado em 2026.
Empresário é alvo de ao menos nove ações eleitorais que podem torná-lo inelegível. O início do evento em Alphaville estava marcado para as 20h28, em referência ao número de urna dele, mas só subiu ao palco pouco depois das 21h.
Marçal tem histórico de brigas
O pastor Silas Malafaia, aliado de longa data de Bolsonaro, chegou a defender Guilherme Boulos (PSOL), apadrinhado pelo presidente Lula (PT) na véspera da eleição. O líder da Assembleia de Deus chamou Marçal de "psicopata" por divulgar um laudo forjado que provaria que o adversário é usuário de cocaína. "Não é porque Boulos é o nosso inimigo político que vamos aceitar uma farsa dessas".
Já Bolsonaro chamou o ex-coach de "idiota" e "fofoqueiro" em transmissão ao vivo nas redes sociais. "Você, seu idiota, o que você fez pela direita para estar cantando de galo aí? Gente que nunca foi vereador, nas minhas costas teve centenas de milhares de votos. Cresça e apareça, pô", falou o ex-presidente na semana passada.
Marçal não avançou para o segundo turno por uma diferença de menos de 50 mil votos para Boulos. O candidato do PRTB foi o escolhido por 1,7 milhão de eleitores paulistanos no último domingo (6). Antes do primeiro turno, Marçal disse várias vezes que ia "mandar prender" Nunes, e o questionou sobre um boletim de ocorrência por violência doméstica registrado pela esposa do prefeito. Os dois chegaram a trocar gritos e xingamentos em debates.