'Estranho': 5 prefeitos que tentaram reeleição, mas quase não tiveram votos
Do UOL, em São Paulo
09/10/2024 09h31
O segundo turno das eleições municipais de 2024 está marcado para o dia 27 de outubro, mas alguns dos prefeitos atuais não estarão concorrendo à reeleição. Com um volume de votos muito menor que os dos oponentes, estes cinco políticos estão de fora da corrida eleitoral.
Confira os municípios em que os prefeitos tiveram alto índice de rejeição.
Goiânia
Rogério Cruz (Republicanos) ficou com 3,14% dos votos. Candidato à reeleição, Cruz assumiu como prefeito suplemente em 2020, quando Maguito Vilela (MDB) contraiu covid-19 e teve que ser internado em um hospital em São Paulo para tratamento. Vilela não resistiu e morreu em janeiro de 2021, quando Cruz assumiu definitivamente o posto.
Ele ficou em penúltimo lugar nas eleições da cidade. Quem irá disputar o segundo turno será Fred Rodrigues (PL), que obteve 31,14% dos votos e Mabel (União), com 27,66% dos votos. À frente do atual prefeito ainda teve Adriana Accorsi (PT), com 24,44% dos votos, o ex-apresentador da TV Globo Matheus Ribeiro, com 6,81%, e Vanderlan Cardoso, com 6,57%. Quem ficou em último lugar foi o Professor Pantaleão (UP), com apenas 0,24% dos votos.
Após perder as eleições, Cruz demitiu quase 2.000 funcionários. A Prefeitura de Goiânia exonerou e dispensou 1.962 funcionários comissionados ou que ocupavam função de confiança. O prefeito, através de sua assessoria, disse que se trata de um ajuste da máquina pública para cumprir com as metas fiscais e não prejudicar a saúde financeira da prefeitura nos últimos meses da atual gestão. "Eventuais nomeações poderão ser realizadas, caso sejam identificadas necessidades em áreas estratégicas", conclui a nota.
Em nota, ele disse estar com a "cabeça erguida". "Agradeço a todos que confiaram em mim e caminharam ao meu lado. Fizemos uma campanha bonita, que tomou conta da cidade. Saio de cabeça erguida, com a certeza de que demos o nosso melhor", escreveu Cruz após anúncio dos resultados.
Fortaleza
José Sarto (PDT) ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 11,75% dos votos. Ele perdeu a oportunidade de reeleição para André Fernandes (PL), que ficou com 40,20% dos votos, e Evandro Leitão (PT), que obteve 34,33% de votos no primeiro turno.
Após resultado, Sarto afirmou que o "trabalho continua" e que está "preocupado com os rumos dos próximos anos". "Gente de Fortaleza, as urnas expressam o valor maior da democracia, que é a vontade da população e ela é soberana. Agradeço a Deus, a minha família, aos apoiadores e à nossa aguerrida militância. Sou apaixonado por Fortaleza e estou preocupado com o rumo que tomaremos nos próximos anos", escreveu em publicação.
Ele ainda não definiu se apoiará um dos candidatos do segundo turno. "Por isso, estou discutindo com lideranças do meu partido sobre o que acreditamos ser o melhor para os fortalezenses. Sempre me dediquei e servi à nossa cidade com zelo e compromisso, e sinto muito orgulho de tudo o que realizamos até aqui e ainda vamos realizar. O trabalho continua. Contem comigo!"
Fortaleza deve ter a disputa mais apertada nas capitais nordestinas. Uma pesquisa da Quaest divulgada ontem indica um segundo turno entre o deputado federal André Fernandes (PL), com 33% das intenções de votos válidos Evandro Leitão (PT), com 31%. A candidatura do petista foi impulsionada em razão de uma briga entre os irmãos Ciro e Cid Gomes no final do ano passado.
Teresina
Dr. Pessoa (PRD) teve apenas 2,2% de votos para reeleição. Segundo levantamento do colunista do UOL Carlos Madeiro, ele teve o menor percentual de votação de um prefeito que buscava a reeleição. À frente dele ficaram Silvio Mendes (União), com 52,19% dos votos, e Fabio Novo (PT), com 43,26% dos votos.
Eu não estou chateado; agora, coisa estranha, houve. Eu fazia diversas reuniões, era abraçado, uma coisa fantástica, e os votos não apareceram. Na minha concepção [o resultado] não foi bom, mas tenho gratidão.
Dr. Pessoa, em entrevista coletiva
Belém
Edmilson Rodrigues (PSOL) ficou em terceiro lugar com 9,78% dos votos. Ele perdeu o lugar no segundo turno para Igor (MDB), que teve 44,89% dos votos, e para Delegado Eder Mauro (PL), que garantiu a vaga no segundo turno com 31,58% dos votos.
Esta foi a terceira vez dele na Prefeitura. Rodrigues já havia sido prefeito da cidade por dois mandatos quando era filiado ao PT, de 1997 a 2000 e de 2001 a 2004.
Ele ainda não se posicionou sobre o assunto. O UOL tentou contato com o prefeito, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem. O espaço será atualizado assim que houver manifestação.
Piracicaba (SP)
Já no interior de São Paulo, Luciano Almeida (PP) ficou em sexto lugar. O candidato à reeleição teve apenas 2,46% dos votos na cidade, contra os oponentes Barjas Negri (PSDB), que já foi prefeito da cidade e ficou com 35,78% dos votos, e Helinho Zanatta (PSD), com 26,59% dos votos. Os dois agora disputam o segundo turno. Nas redes sociais ele comentou o resultado dizendo que eleição é "emoção e não razão".
Vendo o resultado das eleições 2024 vejo que falhei em não conseguir conquistar o coração das pessoas. Que não fui hábil e humilde para entender que fazer o certo e da forma certa não é o suficiente para ganhar uma eleição.
Luciano Almeida, prefeito de Piracicaba
Almeida ainda disse que não se arrepende das decisões, mas talvez "sorrisse um pouco mais". "Ter recordes na geração de emprego e renda, investir em educação, transporte público de qualidade, melhor cidade em segurança acima de 200 mil habitantes, maior investimento na recuperação asfáltica da nossa história, iluminação pública, sem papel....nada disso importa. Sempre pautei minhas decisões pela ética, princípios e honestidade. Enfrentei o sistema, empresas prestadoras de serviço que não entregavam, gente mal-acostumada, na base do jeitinho. E tantas outras coisas. Não foi fácil chegar até aqui. Custou caro e vejo agora o resultado dessas escolhas.Não me arrependo e nunca mudaria esta forma de ser. Talvez sorrisse um pouco mais", escreveu.
O prefeito finalizou comentário afirmando que acredita que a cidade não esteja "preparada para políticos corretos". "Espero, para o bem de Piracicaba, que o próximo gestor seja correto e honesto. Pois sem estes princípios, o legado que estamos deixando vai se perder. Piracicaba, talvez, ainda não esteja preparada para políticos honestos. Mas não desistiremos, afinal."
*Com informações da Agência Estado