Deputado ligado a Bolsonaro vence petista e é eleito prefeito de Cuiabá
Apoiador de Jair Bolsonaro (PL) antes mesmo de 2018, o deputado federal Abílio Brunini (PL-MT) foi eleito prefeito de Cuiabá neste domingo (27). Ele venceu o embate direto contra o deputado estadual Lúdio Cabral (PT).
O que aconteceu
Com 100% das urnas apuradas, Abílio teve 53,80% dos votos. Lúdio teve 46,2%. Até ontem, as pesquisas indicavam uma disputa acirrada na cidade — a Quaest indicou 50% para cada um na última rodada, divulgada ontem (26).
Os dois candidatos tentaram reconstruir suas imagens na eleição deste ano. As campanhas entenderam que suas posturas davam margem a ataques e perda de votos.
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Abílio incorporou um bolsonarismo "raiz soft". Tinha a esperança de se desvencilhar da imagem de político que causa confusão e polêmicas para conquistar likes nas redes sociais. Para justificar uma autoproclamada maturidade, dizia que foi pai. Abílio acrescentou que a perda do avô também teve impacto em sua vida.
Lúdio foi contra bandeiras da esquerda. Publicou vídeo no Instagram se manifestando contra o aborto, legalização das drogas e à ideologia de gênero. Também investiu numa aproximação com os evangélicos. Ser casado com uma mulher que frequenta a Igreja Batista ajudou a abrir portas.
Sabendo da rejeição ao PT, Abílio apostou na polarização com o adversário. A todo momento ele lembrava do vínculo com Lula, escondido pela campanha do petista.
Imagem suave, declarações ácidas
Os movimentos de suavização da imagem foram completados com agressões ao rival. Com PL e PT se enfrentando, estimular a rejeição ao adversário era uma boa estratégia
Lúdio chamava o rival de deputado "bobo da corte", "político de internet" e "causador de confusão". Argumentava que o deputado federal era conhecido como bobo da corte na Câmara dos Deputados.
O petista era descrito como médico covarde. Abílio ressaltava que ele preferiu atendimentos online na pandemia a ir para linha de frente.
Outra forma de Abílio atacá-lo foi associar Lúdio ao atual prefeito, Emanuel Pinheiro. O administrador foi alvo de 23 operações policiais e flagrado em vídeo escondendo dinheiro no paletó.
Eleição singular em Cuiabá
A campanha em Cuiabá foi diferente do que houve no restante do Brasil. A esquerda teve protagonismo. A direita não bolsonarista era favorita com o candidato Eduardo Botelho (União). Ele é presidente da Assembleia Legislativa e tinha o apoio do governador Mauro Mendes (União). Ficou em terceiro.
A direita avançou com Abílio Brunini. Ele começou o segundo turno na frente e o cenário bastante contrário à esquerda em Cuiabá indicava uma vitória. Mas Lúdio cresceu e ambos chegaram empatados nas pesquisas divulgadas ontem.