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Ricardo Nunes diz que eleição de 2024 foi sua última: 'Me sinto satisfeito'

Do UOL, em São Paulo

28/10/2024 11h05Atualizada em 28/10/2024 12h33

O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou na manhã desta segunda-feira (28), em entrevista à BandNews TV, que não pretende se candidatar em outras eleições. Depois de dizer que Deus foi muito generoso com ele, Nunes afirmou que a campanha de 2024 deve ter sido a sua última.

Em uma manhã de entrevistas após o segundo turno, ele também deu suas primeiras impressões sobre a distribuição de secretarias e temas como o reajuste da passagem de ônibus.

O que aconteceu

Nunes diz que quer ajudar Tarcísio de Freitas, figura essencial para sua vitória na eleição, mas não pretende mais se candidatar. "Fazendo os próximos 4 anos, eu vou estar satisfeito. De uma pessoa que veio lá da periferia, Deus foi muito generoso comigo. Poder ser prefeito da cidade que eu amo, ter uma família linda, ter amigos sensacionais, e eu me sinto satisfeito. Meu desejo é que seja a última eleição, acho que já dei minha contribuição. Falo de coração, gosto da política, quero ajudar o Tarcísio, porque acredito muito nele, mas acho que de eleição, realmente, para mim, é a última", afirmou.

Nesta manhã, Nunes defendeu o nome de Tarcísio para a Presidência em 2026, caso Bolsonaro não consiga reverter na Justiça a inelegibilidade. "Essa participação na minha campanha eleitoral o credencia para ele ser o que [o Tarcísio] quiser. Se o presidente Jair Bolsonaro permanecer inelegível, que eu acho que não vai permanecer, o Tarcísio é um grande nome. E sendo candidato à reeleição [ao governo de SP] ou a presidente, vai poder contar comigo em todos os momentos."

Reajuste na passagem de ônibus

O prefeito sinalizou a vontade de manter valor atual das tarifas de ônibus para 2025, mas não bateu o martelo. "Quando chega em dezembro é que a gente pega todos os dados do dissídio, valor do diesel e a questão de política pública de mobilidade para tomar uma decisão", afirmou em entrevista à TV Globo, a primeira após vitória no segundo turno.

Passagem está congelada em R$ 4,40 desde 2020.

Em dezembro, eu sento com a equipe para tomar a decisão se a gente consegue manter, o que é a minha vontade, ou se não consegue manter -- e explicar o porquê. Se eu mantive durante quatro anos congelado, é porque eu tenho esse tipo de política.
Ricardo Nunes (MDB)

Nunes citou importância de incentivar o uso do transporte coletivo. Hoje, a cidade de São Paulo oferece tarifa zero aos munícipes aos domingos. O prefeito afirmou que, antes da pandemia, a cidade tinha nove milhões de passageiros —atualmente são sete milhões.

Minha vontade é de manter [o valor da tarifa], mas não posso ser irresponsável. Não posso tirar da saúde, educação, habitação. Preciso governar mantendo todas as pastas equilibradas.
Ricardo Nunes (MDB)

Nunes afirmou que subsídios permitem que a tarifa do transporte municipal não custe R$ 11,20. "O subsídio não dá dinheiro para empresa. Os idosos, que tem direito a gratuidade, custam R$ 1,4 bilhão. Se você pegar nossos estudantes, custam R$ 700 milhões. PCD custa R$ 500 milhões. Essa gratuidade a prefeitura tem que pagar, é um direito e a prefeitura que remunera." No estado, a tarifa do Metrô e CPTM foi reajustada para R$ 5 neste ano.

Se não fosse o subsídio, nós não teríamos R$ 4,40 de tarifa. A tarifa seria R$ 11,20. E você não quer pagar R$ 11,20, eu não quero que você pague R$ 11,20. Eu quero que a gente pague a menor tarifa possível porque o transporte coletivo é fundamental e o trânsito na cidade é enorme. Ricardo Nunes (MDB)

Ricardo Nunes também falou sobre a promessa de implantar o Mamãe Tarifa Zero. Além da gratuidade aos domingos, a intenção é de que as mães possam levar os filhos para a creche sem pagar a passagem durante a semana. Nunes afirmou trabalhar em parceria com o governador Tarcísio de Freitas na ampliação do Metrô e o atendimento do transporte coletivo na cidade.

Prefeito voltou a defender rescisão com Enel

Após vencer eleição, Nunes avalia que tem mais "peso político" para pedir fim de contrato. "Reeleito com essa votação expressiva, portanto, inegavelmente com muito mais peso político, eu começo, junto com o Tarcísio, por mais força ainda para tirar essa empresa daqui. Essa empresa tem que sair da cidade de São Paulo", disse à TV Globo.

Governo federal precisaria de instrução da Aneel para intervir na Enel, afirma especialista. A reportagem ouviu de um especialista técnico no setor que a lei 12.767, de 2012, prevalece, e o Ministério de Minas e Energia precisaria da instrução da Aneel para embasar o decreto do Presidente da República. A Aneel é uma autarquia (portanto, possui capacidade de autoadministração) em regime especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia, criada para regular o setor elétrico brasileiro).

Nunes recebeu parabéns de Bolsonaro

Nunes ainda não leu mensagem de Jair Bolsonaro, mas se explicou. "Eu estou com um problema, estou com 4.393 mensagens... gente, se você me mandou um WhatsApp e eu não respondi, por favor, me compreenda", disse ele antes de pesquisar ao vivo se tinha sido parabenizado pelo ex-presidente. "Eu recebi mensagem do Jair Bolsonaro e da Michelle Bolsonaro."

Ele também voltou a agradecer ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu cabo eleitoral. E afirmou que vai fazer uma gestão "diversa", apesar de não dar detalhes sobre como vai acomodar todos os partidos que fizeram parte de sua chapa.

O prefeito comentou o recorde de abstenção e atribuiu isso ao tom utilizado por seus adversários na eleição. "Foi uma campanha muto difícil. A gente inclusive teve um número de abstenção grande, que eu atribuí a uma campanha muito agressiva, mas esses candidatos mais agressivos tiveram uma rejeição bem grande."

Ao falar sobre prioridades, ele prometeu "cuidar muito da periferia". "A marca do meu governo vai ser o desenvolvimento. Vai ser um governo com muita responsabilidade fiscal, como já vem sendo, e que vai cuidar muito da periferia. Meu grande desafio, como primeiro prefeito em 470 anos que veio da periferia, evidentemente eu vou cuidar muito mais da nossa periferia, diminuir essa desigualdade social, fazer com que as pessoas possam ter oportunidade."

"Grandes lacradores acabaram ficando fora do pleito eleitoral". À CNN Brasil, ao comentar o sucesso do "centrão" nas eleições, Nunes opinou que os eleitores da cidade não queriam um prefeito com discurso "agressivo".

Planos para secretarias

Vice pode ganhar secretaria. Ao falar de seu vice-prefeito, Coronel Mello Araújo, indicado por Bolsonaro para compor sua chapa, Nunes afirmou que o ex-comandante da Rota pode ganhar um secretariado. Apesar disso, ele declarou que só vai decidir os nomeados em dezembro.

Apesar disso, o prefeito reeleito adiantou que não deve mudar muito a composição do secretariado. "Estamos falando de um governo reeleito, que avançou bastante e a população aprovou. Logicamente que tem que ter as mudanças para melhorar o que for preciso, mas não deve ter muitas mudanças no secretariado."

Ele ainda afirmou que fez laços com nomes indicados por Covas, de quem foi vice em 2020, apesar de não aprovar alguns. "As pessoas que o Bruno havia escolhido com o decorrer do tempo a gente foi criando relações, né?. (...) Isso foi acontecendo com vários secretários, mas teve alguns que foram se expurgando naturalmente, foram saindo. (...) Lógico que algumas mudanças precisa ter, porque elas acontecem todos os anos, você traz pessoas que tem vínculo com a prioridade daquele momento. Algum partido pode fazer sugestões, mas quem escolhe sou eu, é minha responsabilidade."

Nunes não pretende criar novas secretarias. Questionado sobre pastas de mananciais e defesa dos animais, ele rejeitou as ideias. "Minha gestão é uma gestão de governo enxuta. (...) Eu prefiro por o dinheiro nas ações, que criar e pagar toda a infraestrutura de uma secretaria. Vamos sentar e analisar, mas a princípio não é meu desejo", disse ele à CNN. Ao programa Balanço Geral, da TV Record, o prefeito afirmou que, se houver mudanças, serão coisas mais pontuais.

Estamos constituindo um grupo de trabalho de transição para avaliar isso. Alguma alteração sempre tem porque, independente da eleição, algum secretário não tem mais o perfil para as novas metas. Ricardo Nunes (MDB)

À CNN, ele ainda negou que Tarcísio tenha sido seu "padrinho". "Prefeito de São Paulo não tem padrinho, tem aliados. Prefeito da maior cidade da América Latina, acho que vocês têm que começar a respeitar mais", afirmou ele, criticando os jornalistas do canal por usar o termo.

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